O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), disse que incluiu no relatório final pedidos de indiciamento do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), e do secretário de Saúde do estado, Marcellus Campelo.
De última hora, ele incluiu também o colega de CPI, senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), por disseminação de fake news.
Com isso, o relatório pede o indiciamento de 2 empresas e 79 pessoas, entre elas, além do governador do secretário e de Heinze, o presidente Jair Bolsonaro.
Renan chegou a registrar uma versão final do relatório no sistema do Senado nesta manhã, mas retirou em seguida. Essa versão não tinha os nomes de Lima, Campello e Heinze.
A inclusão dos dois nomes ligados ao governo do Amazonas atende a uma reivindicação do senador Eduardo Braga (MDB-AM). Membro titular da CPI, Braga disse que se votaria a favor do relatório de Renan se os dois nomes fossem incluídos.
A votação do relatório está marcada para ocorrer nesta terça.
O relatório também pede o afastamento de Bolsonaro de todas as redes sociais. O presidente da República costuma disseminar fake news na internet, entre as quais a que associa a vacina da Covid a casos de Aids, o que não é verdade.
Pelo calendário da CPI, o relatório será votado ainda nesta terça e, em seguida, será encaminhado para a Procuradoria Geral da República (PGR), órgão ao qual caberá conduzir as investigações sobre indiciados com foro privilegiado; as investigações sobre pessoas sem foro serão remetidas para a primeira instância do Ministério Público Federal.
Na semana passada, Renan Calheiros leu a versão do relatório que pedia o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro, mais 65 pessoas e duas empresas.
Nesta segunda (25), o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), já havia informado que o número de pedidos de indiciamento deveria aumentar.
Veja a lista de pedidos de indiciamento propostos pelo relator da CPI da Covid (na ordem do relatório):
- Jair Bolsonaro;
- Eduardo Pazuello;
- Marcelo Queiroga;
- Onyx Lorenzoni;
- Ernesto Araújo;
- Wagner Rosário;
- Élcio Franco;
- Mayra Pinheiro;
- Roberto Dias;
- Cristiano Carvalho;
- Luiz Dominghetti;
- Rafael Francisco Carmo Alves;
- José Odilon Torres Silveira Junior;
- Marcelo Blanco;
- Emanuela Medrades;
- Túlio Silveira;
- Airton Antonio Soligo;
- Frncisco Maximiano;
- Danilo Trento;
- Marcos Tolentino;
- Ricardo Barros;
- Flávio Bolsonaro;
- Eduardo Bolsonaro;
- Bia Kicis;
- Carla Zambelli;
- Carlos Bolsonaro;
- Osmar Terra;
- Fabio Wajngarten;
- Nise Yamaguchi;
- Arthur Weintraub;
- Carlos Wizard;
- Paolo Zanotto;
- Antônio Jordão de Oliveira Neto;
- Luciano Dias Azevedo;
- Mauro Luiz de Brito Ribeiro;
- Walter Braga Netto;
- Allan dos Santos;
- Paulo de Oliveira Eneas;
- Luciano Hang;
- Otávio Fakhoury;
- Bernardo Kuster;
- Oswaldo Eustáquio;
- Richards Pozzer;
- Leandro Ruschel;
- Carlos Jordy;
- Filipe Martins;
- Técio Tomaz;
- Roberto Goidanich;
- Roberto Jefferson;
- Hélcio Bruno de Almeida;
- Raimundo Nonato Brasil;
- Andreia da Silva Lima;
- Carlos Alberto de Sá;
- Teresa Cristina Reis de Sá;
- José Ricardo Santana;
- Maconny Nunes Ribeiro Albernaz de Faria;
- Daniella de Aguiar Moreira da Silva;
- Pedro Benedito Batista Junior;
- Paola Werneck;
- Carla Guerra;
- Rodrigo Esper;
- Fernando Oikawa;
- Daniel Garrido Baena;
- João Paulo Barros;
- Fernanda de Oliveira Igarashi;
- Fernando Parrillo;
- Eduardo Parrillo;
- Flavio Cadegiani;
- Heitor de Freire Abreu;
- Marcelo Bento Pires;
- Alex Lial Marinho;
- Thiago Fernandes da Costa;
- Regina Célia de Oliveira;
- Hélio Angotti Netto;
- José Alves Filho;
- Amilton Gomes de Paula;
- Precisa Medicamentos;
- VTCLog.
Em relação ao relatório anterior, foram incluídos os seguintes nomes:
- Wilson Lima: epidemia com resultado morte e crimes de responsabilidade;
- Marcellus Campelo: prevaricação;
- Luis Carlos Heinze: incitação ao crime
- Antônio Jordão de Oliveira Neto: epidemia com resultado morte;
- Helcio Bruno de Almeida: incitação ao crime;
- Heitor Freire de Abreu: epidemia com resultado morte;
- Marcelo Bento Pires: advocacia administrativa;
- Alex Lial Marinho: advocacia administrativa;
- Thiago Fernandes da Costa: advocacia administrativa;
- Regina Célia Oliveira: advocacia administrativa;
- Hélio Angotti Neto: epidemia com resultado morte e incitação ao crime;
- José Alves Filho: epidemia com resultado morte;
- Amilton Gomes de Paula: tráfico de influência.
O relatório
O documento com mais de 1.288 páginas pede o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro por considerar que ele cometeu pelo menos nove crimes. O arquivo traz:
- imagens do presidente provocando aglomerações;
- declarações em que desdenha da vacina e incita a população a invadir hospitais
- esforço pessoal de Bolsonaro, ao lado do Itamaraty, para articular com a Índia a compra de matéria-prima para a produção de cloroquina – remédio ineficaz para a Covid.
O relator também detalha o atraso na aquisição de vacinas e a sucessiva falta de resposta às fabricantes, como à Pfizer e ao Instituto Butantan, que desde 2020 tentavam vender o imunizante ao governo brasileiro.
Calheiros ainda responsabiliza duas empresas (Precisa Medicamentos e VTCLog), e mais de 70 pessoas, entre as quais três filhos do presidente, ministros, ex-ministros, deputados federais, médicos e empresários. Ao todo, o relator aponta para o cometimento de mais de 20 infrações.
Fonte: G1