A Justiça do Ceará vai julgar, na próxima segunda-feira (24), dois dos três policiais acusados de participar da tentativa de homicídio de 11 pescadores da comunidade de Curral Velho, em Acaraú, no litoral oeste do estado. O crime ocorreu em 2004, em um viveiro de camarão, e se tornou um dos casos mais emblemáticos envolvendo conflitos socioambientais relacionados à carcinicultura no Ceará.
Segundo informações repassadas pela Secretaria responsável pelo acompanhamento judicial, os agentes eram lotados em Horizonte, na Região Metropolitana de Fortaleza, e estariam prestando segurança privada para uma empresa acusada pela comunidade de causar destruição no manguezal. A denúncia aponta que os policiais usaram armas oficiais durante a ação, efetuaram disparos contra os moradores e agrediram vítimas, incluindo adolescentes.
Na noite do ataque, três pescadores foram atingidos por tiros e outros relataram agressões com cassetetes e pedaços de madeira. A motivação, conforme o Ministério Público, teria sido a resistência dos moradores à entrada de máquinas da empresa em uma área de mangue interditada judicialmente e reconhecida como de proteção ambiental. Um dos réus teve o julgamento adiado por motivos de saúde, e a nova data ainda será definida.
O caso mobiliza entidades de direitos humanos, que apontam o episódio como um marco dos conflitos envolvendo comunidades tradicionais e empreendimentos privados. A Controladoria Geral de Disciplina informou que, na época dos fatos, não existia o órgão atual e que a apuração ficou sob responsabilidade da antiga corregedoria, que aplicou as sanções cabíveis.
Agência News Cariri









