Irã se reúne com países europeus para discutir programa nuclear

O Irã deve enfrentar a reimposição das sanções da ONU dentro de semanas, a menos que retorne às negociações sobre o futuro de seu programa nuclear e permita inspeções internacionais de suas instalações.

O processo de restauração das sanções, que foram suspensas há uma década sob um acordo nuclear histórico, poderá começar no final do mês se uma reunião na terça-feira (26) entre o Irã e três nações europeias não apresentar progresso.

França, Alemanha e Reino Unido informaram às Nações Unidas que irão agir para reimpor sanções através do mecanismo conhecido como “snapback” se o Irã continuar a violar suas obrigações sob o acordo.

O snapback foi incorporado ao pacto nuclear de 2015 firmado pelo Irã, EUA e países europeus. Sob o acordo, o Irã recebeu alívio das sanções em troca de limites estritos e verificáveis em seu programa nuclear.

Mas depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, retirou-se do acordo, conhecido como JCPOA, durante seu primeiro mandato, o Irã reduziu o cumprimento acelerando seu enriquecimento de urânio próximo ao nível de armas.

Em uma carta ao Conselho de Segurança da ONU na semana passada, os ministros das Relações Exteriores das três nações europeias, conhecidas como E3, afirmaram que o Irã violou “praticamente a totalidade de seus compromissos do JCPOA.”

“Deixamos claro que se o Irã não estiver disposto a alcançar uma solução diplomática antes do final de agosto de 2025, ou não aproveitar a oportunidade de uma extensão, o E3 está preparado para acionar o mecanismo snapback.”

O Irã suspendeu as negociações nucleares com os EUA, que visavam conter seu programa de enriquecimento, após os EUA e Israel bombardearem suas instalações nucleares durante uma guerra de 12 dias em junho.

Desde então, os inspetores da agência nuclear da ONU, a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), não conseguiram acessar as instalações nucleares do Irã.

O snapback reimpõe automaticamente todas as sanções do Conselho de Segurança da ONU que foram suspensas sob o acordo de 2015. Essas sanções, introduzidas entre 2006 e 2010, incluem um embargo de armas, restrições ao enriquecimento de urânio e proibições ao Irã de adquirir tecnologia relacionada ao seu programa de mísseis balísticos.

As medidas também contribuíram para uma forte pressão sobre os setores petrolífero e financeiro do Irã.

O processo de snapback leva 30 dias, e os europeus estão cientes de que a Rússia assume a presidência do Conselho de Segurança em outubro e pode obstruir o processo.

Irã prepara medidas contra países europeus

Em uma ligação telefônica com seus homólogos do Reino Unido, França e Alemanha na sexta-feira (22), o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, alertou que acionar o mecanismo snapback traria sérias consequências, informou a Press TV estatal.

O Irã está se preparando para “os piores cenários”, disse um funcionário iraniano à CNN na semana passada, “considerando como certo que o E3 está determinado a esgotar sua única influência restante para agradar o presidente Trump.”

A fonte disse que entre as opções que o Irã está considerando estão mais limitações na cooperação de Teerã com a AIEA, uma retirada do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) e a inclusão do E3 em listas de “estados hostis”, o que permitiria às forças armadas iranianas inspecionar navios que são registrados, destinados ou pertencentes aos estados europeus no Golfo Pérsico e no Mar de Omã.

“O E3 está reduzindo ainda mais seu papel à irrelevância ao reclamar como uma criança frustrada. Eles perderam sua bússola moral e política, falhando em apreciar seu status versus o dos americanos na política de poder da Ásia Ocidental”, disse a fonte.

A reunião de terça-feira (26) será realizada em nível de vice-ministro das Relações Exteriores, informou a Press TV.

Analistas dizem que a reimposição de sanções acionada pelo snapback prejudicaria a já combalida economia iraniana.

“No curto prazo, o snapback prejudicará a economia iraniana, principalmente criando problemas para a liquidez em euros, que é importante para a capacidade do Irã de comprar bens essenciais de forma confiável, como produtos farmacêuticos. As sanções também afetarão a confiança dos consumidores e empresas no Irã”, segundo o analista Esfandyar Batmanghelidj.

Mas ele espera que a China “continue comprando petróleo iraniano. Os Emirados Árabes Unidos continuarão facilitando o comércio para importadores iranianos. O Iraque continuará atuando como mercado para exportadores iranianos.”

Fonte: CNN Brasil 


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