Menos de 13% dos brasileiros conseguem controlar hipertensão e diabetes

Apenas 12,7% da população brasileira consegue controlar, ao mesmo tempo, a pressão arterial e a glicemia. É o que aponta um estudo apresentado no Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), que aconteceu nos dias 19, 20 e 21 de junho na capital paulista.

O trabalho, chamado SNAPSHOT, foi conduzido pelo laboratório Servier do Brasil em parceria com médicos líderes de grandes centros clínicos e avaliou 451 brasileiros com hipertensão e diabetes tipo 2, duas das principais causas de mortalidade no Brasil.

“Nosso objetivo foi entender se quem convive com hipertensão e diabetes realmente atinge as metas recomendadas pelas diretrizes – e descobrimos que estamos muito longe disso”, afirma Emilton Lima Jr., coordenador nacional do estudo e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

O estudo mostrou que manter os pacientes dentro do tratamento e das metas de controle das doenças ainda é um desafio no Brasil. Em média, os pacientes fazem uso de 9,7 comprimidos por dia, e apenas 20% utilizam combinações em pílula única (dose fixa), uma estratégia recomendada para melhorar a adesão ao tratamento.

Apesar da alta taxa de prescrição de medicamentos — 98% estavam em tratamento para diabetes e 97,9% para hipertensão —, apenas 28,9% dos pacientes tinham a pressão arterial controlada, e 61% apresentavam controle inadequado da hemoglobina glicada.

“Manter esses pacientes em tratamento, mas fora da meta, é quase como não tratar: eles continuam expostos ao mesmo risco e pagarão com o encurtamento da própria vida”, alerta Lima. “Por isso defendo o modelo CTI – trate cedo, trate tudo e trate intensivamente. Controlar todos os fatores de risco de forma simultânea e rápida é a única maneira de entregarmos mais anos de vida aos nossos pacientes”, conclui.

93% dos participantes tinham uma comorbidade cardiovascular

O estudo mostrou que quase todos os participantes (93%) tinham ao menos uma comorbidade cardiovascular: dislipidemia, ou colesterol alto (33,5%), doença arterial periférica (24,7%) ou histórico de infarto do miocárdio (18,1%).

Ainda assim, a percepção dos médicos e o cálculo real do risco cardiovascular dos pacientes foi subestimado pelos médicos. Enquanto os investigadores classificaram 15,6% dos pacientes com risco moderado, 48,1% com risco alto e 35,8% com risco muito alto, os critérios objetivos mostraram que 100% dos pacientes tinham risco alto (23,9%) ou muito alto (76,1%).

O estudo foi realizado por todas as regiões do país, sendo 50% dos pacientes atendidos em hospitais públicos e 50% em clínicas privadas. O desenho e a abrangência da pesquisa conferem representatividade aos dados.

O artigo científico completo está em fase final de revisão para submissão em revista científica médica. A expectativa é de que seja publicado ainda em 2025.

Por Gabriela Maraccini, da CNN


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