Entre linhas, lascas e tinta, o Mestre José Lourenço, um dos novos tesouros vivos da cultura de Juazeiro do Norte, está há quase 40 anos trabalhando como xilógrafo na cidade. A arte produzida como forma de renda contribui para a memória, história, formação e divulgação do campo da xilogravura na região do Cariri cearense para o mundo.
O Mestre José Lourenço aprendeu o ofício ainda jovem, observando e tentando praticar na madeira o que via. Logo na primeira vez que tentou praticar, a xilogravura saiu faltando alguns detalhes. Com o tempo, ele tentou aprender a fazer capas de cordéis com uma impressão xilográfica, ofício que não tinha, na época, muitas pessoas para realizar na cidade. Após essa tentativa, o Mestre Expedito Sebastião, seu patrão, recebeu uma encomenda e repassou o trabalho para José Lourenço, mesmo que ainda não tivesse a prática da realização ideal.
Esse trabalho inicial foi muito importante para a sua vida, pois foi um desafio realizá-lo da maneira esperada e importante também para contribuir na sua renda financeira. “Eu trabalhava apenas imprimindo cordel e xilogravura, e eu precisava daquele dinheiro para fazer a impressão do cordel. Então, quando foi no finalzinho da tarde, fui em uma serraria que jogava os restos de madeira fora e peguei um pedaço, lixei, analisei os outros fazendo e, quando foi lá para 1h, que eu consegui fazer um desenho”, lembra o Mestre.
O desenho era sobre o período das quadrilhas juninas, sendo necessário realizar um casal de noivos, um jumento, juntos embaixo de uma árvore. A partir disso, “começou o meu movimento como xilógrafo e para fazer mais capas de cordéis”. Com o pesquisador Gilmar de Carvalho e Expedito Sebastião, fui fazer xilogravuras maiores para uma exposição em Fortaleza. Após isso, “comecei a fazer um álbum sobre a vida do Padre Cícero, que foi realmente o pontapé inicial para o reconhecimento da minha carreira”, afirma José Lourenço.
Para o secretário municipal de Cultura, Renato Wilamis, “o Mestre José Lourenço é um orgulho para todos nós, juazeirenses, pois, através da sua arte e sensibilidade, o dom transforma um pedaço de madeira em uma poesia visual”.
Hoje, o trabalho do mestre vai além da fabricação das matrizes e da impressão da xilogravura no papel, estando presente também em cerâmicas, camisas, tatuagens e, inclusive, em um jogo que está sendo desenvolvido.
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