Mãe e filho que trabalharam lado a lado no HRC durante pandemia compartilham amor à profissão; área da saúde inspira três gerações da família

Foi em meio à pandemia da covid-19, momento em que o mundo passava por incertezas e os hospitais enfrentavam seus dias mais desafiadores, que a auxiliar de laboratório, Juraci Facundo, 46, viu seu trabalho no Hospital Regional do Cariri (HRC), unidade da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), ganhar ainda mais significado.

A atuação na coleta de sangue dos pacientes para realização dos exames, etapa fundamental para os diagnósticos, foi desempenhada por ela com coragem e empatia. “Foi um momento de muita pressão e incertezas, no qual tinha o medo e a luta pela vida. A gente lidava com a dor dos pacientes e dos familiares. A dedicação da equipe aumentou mais ainda nesse momento”, lembra.

O que Juraci não esperava era que, naquele período de crise, teria ao seu lado o filho mais novo, Jessé, então com 20 anos, que na época havia concluído o curso de auxiliar de laboratório. Motivado pela admiração pela mãe e diante da necessidade da ampliação do quadro de trabalhadores nos hospitais, ele se dispôs a atuar na linha de frente de atendimento à covid-19.

“Eu disse: ‘mãe, eu quero ir com você’. Ver como ela tratava os pacientes, com humanidade, atenção e palavras de esperança, foi o que mais me inspirou”, recorda Jessé.

“Foi um impacto dentro de mim, mas emocionante ao mesmo tempo. Aí eu o encorajei e disse: ‘vamos nós juntos’”, conta Juraci, orgulhosa pela postura do filho.

Quando criança, ouvir as histórias dos plantões da mãe despertou em Jessé a curiosidade e o interesse pela profissão que ela exercia. “Eu escutava as histórias dela, ficava perguntando, e foi dando aquele incentivo. Quando adolescente, sentia muito orgulho. Nas rodas de conversa de amigos eu falava orgulhoso ‘minha mãe trabalha no hospital’. Foi uma inspiração”, relembra sorrindo.

Área da saúde é escolha profissional que perpassa três gerações

A afinidade com a área da saúde vem de família. A mãe de Juraci trabalhou como parteira em um hospital de Fortaleza. “Eu cresci ouvindo as histórias dela e me apaixonei pela arte de cuidar. Eu me espelhei na minha mãe. Hoje, ver meus filhos seguindo por esse caminho é um orgulho enorme. É como se fosse uma homenagem a mim. É um misto de emoções: tem a alegria pela realização do filho, o orgulho pela mesma escolha e o alívio por ter um filho que encontrou um caminho que o faz feliz e realizado”, afirma emocionada.

O filho mais velho de Juraci, João Neto, foi o primeiro a seguir os passos da mãe. Ele também já atuou por um período ao lado dela como auxiliar de laboratório no HRC e, posteriormente, foi selecionado para trabalhar como técnico em radiologia na unidade, função que desempenha até hoje.

Para Jessé, ter a mãe como referência profissional foi determinante. “Quando fiz o curso de auxiliar de laboratório, tive a teoria. Mas tudo da prática quem me ensinou foi ela. Técnicas, protocolos, rotina… Foi como ter uma professora particular”, diz. “Mas o que mais aprendi com ela foi a humanidade. Ela escuta os pacientes, conversa, acolhe. E eu quis trazer isso também para a minha forma de trabalhar”, destaca.

Jessé e Juraci compartilham a rotina de trabalho: “o que mais aprendi com ela foi a humanidade”

Juraci, que já se aproxima dos 14 anos de atuação no HRC, compartilha com o filho, além dos laços familiares, a rotina de trabalho e a dedicação a uma profissão que exige técnica, organização e empatia. “Nem sempre estamos de plantão no mesmo turno, mas quando coincide, a gente aproveita para conversar e trocar experiências. É maravilhoso. Um aprendizado constante”, conclui.


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