Funcionários da Itapemirim anunciam greve e suspendem operações no Ceará

Foto: Reprodução/O POVO

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Após uma série de paralisações pontuais, funcionários da empresa de transportes Itapemirim deflagram greve por tempo indeterminado. O pleito é para regularização do pagamento de salários e benefícios trabalhistas em atraso total ou parcial há pelo menos seis meses. As informações foram obtidas com exclusividade pelo portal O POVO.

A greve foi acertada em assembleia geral dos trabalhadores no dia 11 de fevereiro deste ano, com apoio do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Transporte Rodoviário de Passageiros Intermunicipal e Interestadual do Estado do Ceará (Sinteti). Com a paralisação, ficam suspensas as operações da empresa em Fortaleza, Sobral e Juazeiro do Norte.

A greve engloba motoristas, mecânicos, todo o núcleo de vendas, setor administrativo, logístico e de cargas da empresa no Ceará. A ação será mantida até “efetivo pagamento dos salários, benefícios (vale alimentação e vale refeição) e férias em atraso, bem como regularização dos depósitos do FGTS e repasse de mensalidades sindicais”, conforme ofício do Sinteti.

Os funcionários relatam ainda inconstância no recebimento dos salários referentes a dezembro, janeiro e fevereiro, atraso de seis meses no repasse da cesta básica mensal, bem como do vale-refeição e vale-alimentação.
“Quem saiu de férias em outubro, novembro, dezembro, janeiro ou fevereiro, não recebeu um centavo das férias. Ainda estamos com a segunda parcela do décimo terceiro atrasado também. Não tem mais como aguentar”, pontua Carlos Jefferson, presidente do Sinteti.

O líder sindical destaca ainda que há funcionários relatando situações de insegurança alimentar, fome e ameaças de despejo de imóveis alugados diante da ausência de pagamento.

Negociações sem sucesso

Na última quinta-feira, 10 de fevereiro, os funcionários haviam paralisado as atividades como forma de reivindicar a regularização dos pagamentos.
Carlos pontua a existência de ao menos doze acordos formais entre os funcionários e a empresa para regularização da situação, mas que todos foram descumpridos pela entidade empresarial.

Diante das alegações, o líder sindical destaca que a greve foi protocolada no Ministério Público do Trabalho do Ceará, na Procuradoria do Trabalho, no Ministério Público e também na Casa Civil do Estado.

“Os trabalhadores estão em uma situação que chega a dar pena diante de tanta dificuldade que eles estão passando”, complementa.

Diretor sindical em Juazeiro do Norte, Osvaldo Landim argumenta que diante das últimas paralisações a empresa chegou a fazer um repasse parcial dos débitos devidos aos funcionários, mas que a ação não é suficiente para amenizar a crise.

“Tivemos alguns com repasse de R$ 300, alguns com R$ 200, porque depois da pressão que fazemos eles fazem esses pagamentos fracionados, mas muitos dos trabalhadores não receberam nada. A cesta básica não foi paga, o vale-refeição e férias em atraso também não”, detalha.

O sindicato reforça ainda que o contato com a empresa tem sido dificultoso e que não há mais espaço para negociações sem apoio jurídico. “A greve só irá terminar com o pagamento total de tudo que é devido aos funcionários ou quando um acordo para pagamento for firmado judicialmente”, pontua Carlos.
Em diálogo das partes jurídicas da empresa e dos representantes trabalhistas, há perspectiva de uma reunião amparada pelo Ministério Público do Trabalho para acordo entre as partes na sexta-feira, 18 de fevereiro.

“Até que isso acorra, nenhum ônibus da Itapemirim saíra da garagem”, destaca Osvaldo. “Os motoristas estão sem condições psicológicas de viajar, como que eles irão dirigir um ônibus com 46 vidas sendo que a família deles está com fome, sem arroz, sem feijão em casa”, finaliza.

O movimento de greve se repercute ainda nas demais unidades de operações da Itapemirim. Conforme o sindicato do Ceará, os centros de operações de Salvador, Campina Grande, Feira de Santana Vitoria da Conquista e do terminal do Tietê, em São Paulo, também irão aderir à greve entre hoje, 15, e amanhã, 16.

Fonte: O POVO

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