ONS suspende programa que incentiva indústria a reduzir consumo de energia

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou que suspendeu o programa que incentiva a indústria a reduzir ou deslocar seu consumo de energia para fora dos horários de maior demanda do sistema elétrico. O comunicado foi emitido na sexta-feira (5).

O programa voltado para a indústria começou em setembro e poderia durar até abril de 2022, conforme portaria do Ministério de Minas e Energia (MME). O objetivo era evitar sobrecarga no sistema elétrico, o que poderia levar a apagões pontuais, já que o país estava no auge da crise energética, com reservatórios das hidrelétricas em níveis baixíssimos.

“A melhora das condições hidroenergéticas, a efetividade dessas ações emergenciais e a garantia de suprimento de energia em 2021 são os principais motivadores da decisão do Operador”, diz o ONS em nota.

O operador não descartou a retomada do programa em 2022, “caso seja identificada a necessidade de recursos adicionais para atendimento à demanda por energia elétrica no país”.

Segundo a última previsão divulgada pelo ONS, os reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste — considerados a caixa d´água do país — devem chegar a 19,2% da sua capacidade no fim de novembro. Até domingo, estavam em 18,66%. A previsão no auge da crise hídrica era um nível de 10% no fim deste mês.

Em nota, o operador afirma que o início das chuvas dentro do prazo esperado, “além da participação dos diversos agentes e da sociedade na adoção das medidas propostas”, foram fatores fundamentais para garantir que, em 2021, o período de pico de energia seja atendido sem a necessidade de utilização da reserva operativa.

A reserva operativa, como o próprio nome já diz, só é acionada para garantir o fornecimento de energia em momentos críticos.

O ONS não informou, em nota, a quantidade de energia economizada ou descolada durante a vigência do programa nem quantas empresas aderiram à iniciativa. O g1 questionou o operador, e aguarda retorno.

O último balanço divulgado pelo ONS foi em 22 de setembro. Na época, o operador informou ter recebido a oferta de redução de 442 megawatts-médios (MWm) por hora. O programa também ficou em vigor em outubro, mas o ONS não informou os números da adesão.

“O ONS reforça ainda que o processo de RVD [redução voluntária de demanda] gerou aprendizado relevante para o uso e para a regulação de Resposta da Demanda no país e destaca que mantém abertos os canais de comunicação para acompanhamento das condições de atendimento ao SIN [Sistema Interligado Nacional] e que informará oportunamente a reabertura das plataformas de ofertas caso seja necessário”, encerra o operador, em nota.