Tempo médio entre início de sintomas e morte por Covid no Ceará é 10 dias maior na segunda onda

Em 2021, intervalo entre primeiros sinais da doença e o óbito do paciente é de 28 dias

O tempo médio entre o início dos sintomas da Covid-19 e o óbito de pacientes no Ceará está 10 dias maior em 2021. Até dezembro do ano passado, eram 18 dias; já até 7 de junho deste ano, são 28 dias até a morte. Os dados são do Integra SUS, plataforma da Secretaria da Saúde (Sesa).

O intervalo de dias entre os primeiros sinais do coronavírus e a internação do paciente também aumentou. Na primeira onda da pandemia, a hospitalização acontecia em até 7 dias após os primeiros sintomas, tempo que hoje paira na média de 17 dias.

Um dos fatores para o cenário é que a doença tem afetado mais jovens do que idosos. A constatação tem sido feita desde que a segunda onda avançou no Estado, atingindo o pico em março deste ano. Um dos efeitos é o alongamento do tempo da doença até o desfecho: seja cura, seja morte.

A médica e pesquisadora Melissa Medeiros, infectologista do Hospital São José (HSJ), em Fortaleza, aponta que a predominância de variantes como a P1 é determinante para as mudanças de comportamento da doença.

 

Na primeira onda, os pacientes agravavam a fase inflamatória no 10º dia de sintomas, e então eram internados. Agora, isso só ocorre por volta do 12º dia.

Melissa Medeiros
Infectologista

 

Outro fator, como analisa Melissa, é que a medicina “aprendeu a manejar a Covid”, o que contribui para reduzir a mortalidade, mas tende a prolongar o tempo das internações, que estão, de fato, “mais demoradas”, como reconhece a infectologista.

UM MÊS DE INTERNAÇÃO

Para a idosa Maria Valquiria Silva, 84, foram apenas três dias entre os primeiros episódios de tosse e febre e a viagem do interior do Ceará a Fortaleza para internação por Covid – que durou, por outro lado, quase um mês.

Acompanhei ela por 15 dias na ala Covid, chamada pelo hospital de ‘área suja’, na qual fui contaminada pelo vírus e tive que me afastar. É uma doença séria, que mata.

Idel Bezerra
Filha de Valquiria

 

Além das complicações da mãe durante a internação, que incluíram problemas vasculares como hemorragia interna e trombos, Idel relata as sequelas que a doença deixou nela mesma, “sobrevivente”.

“Tive Covid três vezes, e até hoje estou com tosse e dor nas pernas. A doença causa muitas sequelas pra quem sobrevive”, lamenta.

MORTES FORA DO HOSPITAL

O intervalo de tempo médio entre o início da manifestação da Covid e os óbitos que ocorreram em casa é menor do que os hospitalares: são cerca de 8 dias, de acordo com o Serviço de Verificação de Óbitos (SVO). O dado consta no boletim epidemiológico da Sesa divulgado em 4 de junho.

 

68 anos
é a média de idade atual dos cearenses mortos por Covid, conforme o Integra SUS.

 

De acordo com Melissa Medeiros, as mortes domiciliares por Covid diminuíram, proporcionalmente, na segunda onda. “As pessoas hoje têm procurado mais o serviço de saúde, e conhecem mais os cuidados. Dificilmente chega um paciente que diz que não tem um oxímetro, por exemplo”, aponta a médica.

Até 7 de junho deste ano, data mais recente disponível no Integra SUS, foram registrados 1.041 óbitos em casa por Covid-19, dos quais 515 somente em 2021.

Fonte: Diario do Nordeste