Lula decidiu comentar o posicionamento do governo Bolsonaro em relação ao conflito entre EUA e Irã
O ex-Presidente Lula considerou não ser “adequada” a interferência do Brasil no conflito entre os Estados Unidos e o Irã, acrescentando que o país é construtor de paz. “O momento não é adequado para o Brasil se meter numa briga externa. O Brasil não tem contencioso com o mundo, sempre manteve uma política diplomática harmoniosa. Devemos ser um construtor de paz”, escreveu Lula no Twitter.
O ex-chefe de Estado usou o Twitter para compartilhar uma série de mensagens sobre o conflito entre os Estados Unidos e o Irã, assim como o papel do Brasil naquela divergência, acusando o atual mandatário do Brasil, Jair Bolsonaro, de “lamber as botas” ao norte-amerciano, Donald Trump.
“Na relação internacional sempre há dois interesses: o seu e o do outro. Você tem sempre que equilibrar o deles com o seu. O Bolsonaro não faz a menor questão de não ser um lambe-botas do Trump. (…) Os EUA gostam de criar confusão e de preferência longe do território deles. Não há necessidade de se inventar ‘terrorismo’ no Irã”, indicou o ex-governante.
Lula comentou ainda decisões tomadas pelo anterior Presidente dos Estados Unidos Barack Obama contra o Irã. “Quando construímos o acordo em Teerã, o Obama traiu o bom senso e decidiu aumentar a punição contra o Irã, para dois anos depois, construir um acordo muito pior do que o que nós havíamos alcançado. Hoje está provado que não havia armas químicas no Iraque(…) Os EUA precisam sempre de eleger um inimigo. Isso cheira-me a campanha eleitoral”, acrescentou.
Maria Cristina Lopes, encarregada de negócios da embaixada do Brasil em Teerã, capital do Irã, já se reuniu com representantes do Governo iraniano, mas o teor da conversa não foi revelado.
Num comunicado divulgado na sexta-feira pelo Itamaraty, defendeu a “luta contra o flagelo do terrorismo”, após um ataque dos EUA em Bagdad, capital do Iraque, matou o general iraniano Qassem Soleiman. “O Governo brasileiro manifesta o seu apoio à luta contra o flagelo do terrorismo e reitera que essa luta requer a cooperação de toda a comunidade internacional sem que se busque qualquer justificativa ou relativização para o terrorismo”, referiu o Itamaraty.
Assim, defendeu, o “Brasil não pode permanecer indiferente a essa ameaça, que afeta inclusive a América do Sul”.
“O Brasil acompanha com atenção os desdobramentos da ação no Iraque, inclusive o seu impacto sobre os preços do petróleo, e apela uma vez mais para a unidade de todas as nações contra o terrorismo em todas as suas formas”, referiu ainda.
Mais de uma dúzia de mísseis iranianos foram lançados hoje de madrugada contra duas bases iraquianas com tropas norte-americanas, em Ain al-Assad (oeste) e Erbil (norte).
O ataque foi reivindicado pelos Guardas da Revolução iranianos como uma “operação de vingança”, em retaliação pela morte do general Qassem Soleimani, comandante da sua força Al-Quds, na sexta-feira, num ataque aéreo em Bagdad ordenado pelo Presidente norte-americano, Donald Trump.
A televisão estatal iraniana referiu que aquela operação militar foi designada “Mártir Soleimani” e que matou “pelo menos 80 militares norte-americanos”, mas os Estados Unidos não confirmaram a existência de baixas.
A autoridade federal norte-americana para a aviação (FAA) proibiu aviões e pilotos comerciais norte-americanos de voarem sobre áreas do Iraque, Irã, Golfo Pérsico e Golfo de Omã.
Várias companhias aéreas, como a Lufthansa, Emirates e Malaysia Airlines suspenderam hoje os voos sobre o Iraque e o Irã ou alteraram rotas para evitar o espaço aéreo dos dois países.
Fonte: Notícias ao Minuto