“BugiGangue no Espaço aposta no senso de humor e na brasilidade”, afirma o diretor Alê McHaddo (Entrevista exclusiva)

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Uma História de Amor e Fúria, As Aventuras do Avião Vermelho, Até que a Sbornia nos Separe, O Menino e o Mundo. Se a animação brasileira tem despontado nos últimos anos também em longa-metragem, conquistando prêmios mundo afora, falta ainda aquele filme que consiga atrair um bom público. Algo que, desde o início, sempre foi uma das metas do diretor Alê McHaddo com seu primeiro longa-metragem: BugiGangue no Espaço.

“A indicação do Alê Abreu para o Oscar [com O Menino e o Mundo] foi super bem-vinda para o nosso mercado, mas a gente ainda não tinha uma animação de entretenimento. A animação brasileira é conhecida ou por ser adulta, como Wood & Stock e Até que a Sbornia nos Separe, ou uma animação mais infantil poética, que são super fortes. O Brasil tem essa tradição, mas a gente nunca teve uma animação que pudesse se posicionar nessas animações de entretenimento que são os blockbusters.”

Sim, Alê pensa grande – e não foi a toa que topou lançar seu longa de estreia em meio ao sucessos já estabelecidos Moana e Lego Batman.

“A gente vai ter um lançamento bacana, em 400 salas. É óbvio que não tenho como produzir com US$ 2 milhões, que é mais ou menos o nosso orçamento, e comparar com uma animação de US$ 200 milhões como Moana. Sabendo disso, eu mirei totalmente no senso de humor, na história em si, no carisma dos personagens… Porque, no final das contas, o público não quer saber quanto custou, ele quer se divertir e vai escolher um filme que vai entretê-lo melhor, que tem mais a ver com ele. Então eu aposto no senso de humor, na brasilidade e no diferencial da história.”

A HISTÓRIA DE GUSTAVINHO

Por mais que BugiGangue no Espaço seja a primeira aventura destes personagens em longa-metragem, na verdade eles estão no imaginário do diretor há muitos anos. “A primeira aparição do Gustavinho foi no videogame, 21 anos atrás, num jogo que tinha até a Marisa Orth, lembra o diretor. “Naquela época eu fazia videogame porque era o mais perto que conseguia chegar do cinema. Então era um jogo de desenho animado, com filmagem e que contava uma história bem linear, um estilo de jogo bem narrativo.”

Anos depois, Alê começou a trabalhar com curtas. Seu primeiro trabalho foi o divertidíssimo A Lasanha Assassina, com o qual ganhou o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de melhor curta de animação. Mais oito anos se passaram até que BugiGangue – Controle Terremoto fosse lançado, em 2010. “A gente quis fazer Controle Terremoto como um piloto de longa, para poder colocar tudo que a gente queria. Já existia uma sinopse do que seria o longa-metragem e aí a gente fez um mini curta, uma mini história para testar um monte de coisa. Principalmente tecnologia 3D, que na época não era tão simples como fazer hoje”, explica.

REFERÊNCIAS

Por mais que seja claramente voltado ao público infantil, BugiGangue no Espaço tenta também capturar a atenção dos maiores através de referências a ícones culturais, como Super Mario, Seu Madruga e Star Wars. “É um tipo de humor que eu gosto muito, do tipo que tem a narrativa acontecendo e aí de repente vem o personagem de um outro filme numa posição inusitada. Tipo o Yoda vendendo suco [..] Controle Terremoto foi importante para os nossos personagens crescerem. Funcionava muito bem com crianças menores, então a gente precisava trazer um pouquinho mais de ginga, deixar os personagens maiores, criar uma trama adolescente/pré-adolescente”, conta o diretor.

© Fornecido por Adorocinema_pt-br

CULTURA BRASILEIRA

Por mais que traga referências a personagens estrangeiros, BugiGangue no Espaço também abre bastante espaço para a cultura nacional. Afinal de contas, dois personagens vistos no filme são brasileiríssimos: o E.T. de Varginha e o chupacabra.

“Não dava pra falar de uma invasão alienígena na Terra sem falar do E.T. de Varginha”, afirma o diretor. “Queria que fosse um personagem, que tivesse uma personalidade que conduzisse a história. Ele tem um carisma, um jeito diferente do que a gente está acostumado a ver. E uma pesquisa que fizemos dizia que o chupacabra era o animal doméstico dos E.T.s que visitavam a Terra. Aí quis extrapolar isso e fizemos a utopia de que o chupacabra é o cachorro do E.T. de Varginha.”

DUBLADORES

“O Guilherme Briggs para mim é o maior dublador do Brasil, sou fã de carteirinha dele”, afirma o diretor, sobre o dublador de todos os invas, os seres alienígenas cuja nave espacial cai na Terra. “O Danilo Gentili foi de querer aproximar o Gustavinho dessa coisa irreverente de fazer piada fora de hora que o Danilo tem. Foi interessante também que, como o Danilo é humorista, a gente trabalhou junto o texto, transformando algumas piadas.”

“No caso da Maísa Silva, quando a gente começou a animar ela era aquela menininha do Silvio Santos, fofinha, super expressiva e os animadores a usavam muito como referência para fazer a Fefa. Na hora de dublar, eu até fiquei na dúvida se dava para ela fazer a voz de um a criança menor e, assim que vi que ela podia fazer, foi uma escolha excelente. De certa maneira, a Fefa nasceu muito por causa da Maísa.”

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E A SEQUÊNCIA?

Mesmo antes do lançamento de BugiGangue no Espaço, Alê McHaddo admite que já há planos para uma continuação: “Sim, a gente já tem uma storyline, uma primeira versão de roteiro continuando a aventura. O primeiro filme já deixa algumas coisas abertas que a gente retoma.” A intenção é lançar a sequência daqui a seis anos, ou seja, em 2023.

msn

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