Inchados e sem verba, blocos no Rio pedem financiamento

Apesar de haver mais gente festejando nas ruas, a prefeitura do Rio reduziu as autorizações para blocos de 608 no ano passado para 498

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Os recursos destinados ao carnaval de rua no Rio de Janeiro não estão acompanhando o crescimento do evento, afirmam organizadores de blocos pela cidade.

Em 2017, 1,1 milhão de turistas esteve na cidade para os cinco dias de folia. No ano passado, foi 1,5 milhão. Embora estime-se que o número neste ano se mantenha, a prefeitura espera que o total de foliões -incluindo os locais- na cidade chegue a sete milhões, ou 500 mil pessoas a mais do que em 2018.

Inchados, os blocos buscam manter sua estrutura básica, mas não veem os meios de financiamento na cidade, em crise, acompanhar os foliões.

Apesar de haver mais gente festejando nas ruas, a prefeitura do Rio reduziu as autorizações para blocos de 608 no ano passado para 498 e remanejou os maiores blocos para o centro. A medida visa reduzir problemas dispersos, mas tem como efeito engordar os blocos mais conhecidos.

A organização e a captação de fundos para a festa nas ruas, diferentemente do desfile na Sapucaí, é terceirizada.

O modelo criado na gestão de Eduardo Paes (então MDB, hoje DEM) prevê que o município contrate por licitação uma produtora de eventos para coordenar o trânsito, cuidar do lixo e contratar ambulâncias. Em troca, a produtora ganha o direito de negociar verbas de patrocínio.

Desde que o modelo foi implantado, em 2011, a empresa Dream Factory venceu todas as licitações. Neste ano, o valor do contrato aumentou R$ 1 milhão em relação a 2018, chegando a R$ 26 milhões. Mas não contempla todos os serviços necessários.

Uma portaria da RioTur (agência municipal responsável pela organização do evento) publicada no fim de 2018 determinou que blocos com mais de 5.000 foliões banquem equipes médicas nos locais de festa -uma UTI móvel e equipes de socorristas.

A exigência levou blocos tradicionais, como o Simpatia É Quase Amor, que sai em Ipanema, a considerar não desfilar.

Depois de quase três meses de debate com a prefeitura, a questão foi pacificada quando o Ministério Público e os Bombeiros intervieram, e a Dream Factory assumiu o ônus.

Para se bancar, os blocos têm usado vaquinhas virtuais, promovido shows e oficinas de percussão ao longo do ano, vendido camisetas, cobrado anuidade dos músicos e buscado patrocínio com ajuda de leis de incentivo fiscal.

Tudo isso, porém, é limitado pela crise e pelo fato de a maioria dos blocos não ter estrutura de produção cultural.

“São dentistas, advogados, servidores públicos, pessoas comuns que no período de Carnaval viram produtores culturais para colocar seus blocos de pé. Não temos a capacidade de passar o ano todo buscando investimento”, observa Rodrigo Rezende, presidente da Liga dos Amigos do Zé Pereira, que reúne Orquestra Voadora, Céu na Terra e Toca Rauuul, entre outros.

Fonte: Noticias ao minuto