Abraão Lincoln Ferreira da Cruz, chefe da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA), foi detido após se contradizer e mentir durante depoimento à comissão que investiga fraudes em descontos de benefícios previdenciários.

O presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA), Abraão Lincoln Ferreira da Cruz, foi preso nesta segunda-feira (3) durante sessão da CPMI do INSS, em Brasília. A decisão foi tomada pelo presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), após o depoente ser acusado de mentir e omitir informações em seu depoimento.

Segundo o relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), Abraão Lincoln “fez afirmação falsa, negou ou calou a verdade”, o que motivou o pedido de prisão. O parlamentar destacou que o depoente tentou se eximir de responsabilidade e negou conhecer pessoas ligadas ao esquema investigado, mas acabou se contradizendo em outros momentos.

A prisão ocorreu após Abraão permanecer em silêncio durante boa parte da sessão, mesmo tendo comparecido como testemunha. Para os parlamentares, o comportamento do dirigente demonstrou tentativa de obstrução das investigações. “O silêncio de quem deve explicações grita mais alto que qualquer palavra”, declarou o senador Carlos Viana ao anunciar a prisão.

Essa é a terceira prisão decretada pela CPMI do INSS, que investiga um suposto esquema bilionário de descontos irregulares em benefícios previdenciários entre 2019 e 2024. O caso é alvo da Operação Sem Desconto, conduzida pela Polícia Federal, que apura a atuação de associações suspeitas de aplicar golpes em aposentados e pensionistas.

Abraão Lincoln já havia sido afastado judicialmente da presidência da antiga CNPA (Confederação Nacional dos Pescadores e Aquicultores), sob suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro. Agora, ele é apontado como um dos articuladores do novo esquema, que teria se expandido para atingir também aposentados do INSS.

Após o término da audiência, Abraão Lincoln foi encaminhado à delegacia do Senado Federal, onde prestou novos esclarecimentos. Até a última atualização desta reportagem, o presidente da CBPA permanecia detido e aguardava os próximos encaminhamentos da Polícia Legislativa.

Matheus Moreira/ News Cariri