A isenção do suco de laranja brasileiro do tarifaço é a prova de Donald Trump não tem toda a força necessária para prosseguir com a guerra comercial. A avaliação é de Paul Krugman, prêmio Nobel de economia.
No artigo “Trump/Brasil: Delírios de grandeza vão para o sul” publicado nesta sexta-feira, Krugman diz que o Trump “acha que pode dominar o mundo” com as tarifas e a disputa comercial. O economista nota, no entanto, que o presidente americano “não tem a força necessária”.
Para Krugman, o caso do suco de laranja brasileiro é exemplo dos limites que os EUA enfrentam. “O governo Trump isentou o suco de laranja – 90% importado do Brasil – de sua tarifa. Aparentemente, precisamos do que o Brasil nos vende”, diz o economista.
“Trump é um negociador incompetente, facilmente enganado? Talvez. Mas, mais fundamentalmente, ele simplesmente não tem a força necessária”, diz Krugman. Na frase, o economista faz um jogo de palavras com o termo “juice” – suco em inglês.
“He just doesn’t have the juice”, cita. A frase pode ser entendida como “ele não tem a força” ou “ele não tem o gás necessário”.
Além de destacar os limites de Trump para continuar, Krugman entende que a isenção ao suco de laranja do Brasil é “uma admissão implícita de que, ao contrário das constantes afirmações de Trump, quem paga tarifas são os consumidores americanos, e não os exportadores estrangeiros”.
Krugman pergunta ainda sobre o café brasileiro – se ele será ou não isento. “O que alguns de nós queremos saber é por que o suco de laranja, sem o qual as pessoas conseguem viver, está tendo uma pausa, enquanto o café, um nutriente absolutamente essencial, não”, questiona.
Ainda sobre o Brasil e a reação brasileira às novas tarifas, o economista pergunta se “Trump e seus assessores realmente acham que podem usar tarifas para intimidar uma nação de mais de 200 milhões de pessoas”?
Forte crítico ao presidente republicano, Paul Krugman afirma que “as exigências de Trump ao Brasil são diferentes do que ele exige de qualquer outro país”. Ao citar que as reclamações a europeus ou japoneses são majoritariamente econômicas, o economista argumenta que Trump “vinculou explicitamente as tarifas sobre o Brasil à temeridade do país em julgar Jair Bolsonaro”.
“Portanto, Trump é um inimigo da democracia e da responsabilização de aspirantes a autoritários, mas sabíamos disso. Além disso, é totalmente ilegal para um presidente dos EUA usar tarifas na tentativa de influenciar a política interna de outra nação”, diz Krugman.
Fonte: CNN Brasil
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