A Universidade Regional do Cariri (URCA), através do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens e o Geopark Araripe, realizou a apresentação oficial do holótipo fóssil Mesoproctus rowlandi, recentemente repatriado da Irlanda do Norte. O material foi entregue recentemente à URCA, em solenidade realizada no Chile, e passou a integrar o acervo do Museu, em Santana do Cariri. A peça de mais de100 milhões de anos, ficará exposta ao público durante esta segunda-feira, 13, na sede do Geopark Araripe, em Crato, e seguirá nesta terça-feira, 14, para Santana do Cariri, onde ficará de forma permanente.
A repatriação ocorreu com a ação coordenada pelo Ministério das Relações Exteriores, o Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens e o Geopark Araripe, com apoio da Procuradoria-Geral da República e colaboração do Serviço Geológico do Reino Unido, do Geopark Mundial da UNESCO Cuilcagh Lakelands e do Governo do Estado do Ceará.
A solenidade contou com a participação das representações institucionais envolvidas, estudantes, professores e pró-reitores da universidade, a vice-prefeita e Santana do Cariri, Bibiana Sampaio, o Secretário de Turismo do Crato, Antonio Morais, e a vice-reitora, Professora Socorro Vieira.
O Reitor da URCA, Carlos Kleber de Oliveira, destacou todo o trabalho empreendido para que o fóssil chegasse até a região, inclusive lembrando da maior repatriação realizada, da França, além da Alemanha, Itália, Inglaterra, e mais recente, da Irlanda do Norte. “Mas esse processo, para saber o que tem por trás desse fóssil, é trabalho dos nossos pesquisadores, no intuito de identificar a origem desse material”, afirma.
Ele ainda ressaltou o reconhecimento mundial, da justiça, Polícia Federal, da competência técnica da equipe da URCA, que tem atestado a origem do material, com os devidos registros nos processos judiciais. A secretária da Ciência, Tecnologia, Educação Superior, Sandra Monteiro, ressaltou a importância do trabalho conjunto para que houvesse a devolução dos fósseis.
O Geólogo Artur Sá, presidente da rede mundial de geoparques da UNESCO, participou de forma virtual da solenidade e salientou que esse momento faz parte do resultado de um reconhecimento, de um trabalho de resgate do patrimônio, que tem sido exemplo para o mundo, do material que foi levado indevidamente da área da Bacia Sedimentar do Araripe. “Todas as repatriações já realizadas de outros países, tornam o território exemplo a nível mundial. Esses fósseis são importantes para a reconstrução da história da terra”, destaca.
O secretário Nacional da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Social, Inácio Arruda, afirma que agora é hora da devolução do material que foi retirado do Brasil, de repatriar esse material, e reforçar a ciência, a pesquisa e o Geopark. Também participaram o Procurador da República, Régis Primo, o representante do Ministério das Relações Exteriores, Marco Antônio Nakata.
Material de grande valor científico
O fóssil, considerado de grande valor científico, estava no Museu de Ulster, desde 1996. O holótipo da espécie Mesoproctus rowlandi Dunlop, 1998, é proveniente da Formação Crato, região reconhecida internacionalmente pelo Geopark Araripe. O material é protegido através de lei no Brasil, além da convenção da Unesco, sobre medidas voltadas à proibição de importação, exportação, e a transferência de propriedade ilícita de bens culturais.
A peça é um holótipo, espécime único utilizado como referência para a descrição e nomeação de uma nova espécie, servindo como padrão científico para identificação e comparação com outros fósseis ou organismos. O material representa um grupo extremamente raro no registro fóssil, com apenas 12 espécies descritas e pouco mais de 120 espécies viventes conhecidas atualmente.
É importante destacar o protagonismo que o Ceará tem registrado nos últimos anos, com o trabalho coordenado do Governo Federal, Governo do Estado, por meio se suas instituições, para garantir a devolução desse patrimônio.
Recentemente, cerca de 50 peças de fósseis repatriados da França foram doadas pelo Museu de Paleontologia ao Museu Nacional, para compor o acervo no Rio de Janeiro. O material foi resultado da maior repatriação de fósseis já registrada no Brasil, de 998 peças e cerca de 2,5 toneladas.
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