Mães e pais de crianças com autismo fizeram uma manifestação em frente à sede da secretaria de Saúde de Juazeiro do Norte nesta terça-feira (9). As famílias afirmam que os filhos estão há mais de 20 dias sem acesso às terapias oferecidas pelo SUS sob responsabilidade do município. Além disso, denunciam a situação que consideram precária de locais para onde pacientes foram encaminhados.
Vídeo apresentado pelas famílias mostra uma casa com piscina suja que estaria credenciada para o tratamento. Também segundo mães e pais, outro espaço para terapias não teria sequer portão na entrada, permitindo que crianças tenham acesso à rua.
“Mandaram a gente sair daqui. Estamos atrás do direto de nossos filhos. Eu sou a voz e as mãos da minha filha, para que ela possa se estabelecer na sociedade. Gostaria que se colocassem no nosso lugar. Porque ninguém sabe o dia de amanhã”, diz Ana Cristina Ferreira, uma das mães presentes na manifestação.
A manifestação desta terça-feira não foi a primeira realizada por famílias atípicas em Juazeiro do Norte. Desde agosto, tem acontecido mobilizações cobrando rapidez no atendimento depois que a prefeitura decidiu suspender o contrato com uma instituição.
No mês passado, foi anunciada a suspensão temporária do contrato com o Instituto Heitor Coelho (IHC). A decisão teria sido recomendada pela Controladoria Geral do Município. O IHC está sob investigação por suspeita de superfaturamento nos serviços.
Em julho, o município havia inaugurado o Núcleo de Atenção à Criança e ao Adolescente com Transtorno do Espectro Autista (Nutea), que tem recebido pacientes.
Resposta da Prefeitura
A Secretaria de Saúde de Juazeiro do Norte (Sesau) informou que os pacientes anteriormente atendidos pelo Instituto Heitor Coelho (IHC) estão sendo remanejados para outras clínicas conveniadas ao município. Até o momento, mais de 330 já foram encaminhados para continuidade de suas terapias.
As famílias das crianças estão sendo notificadas pelo telefone oficial da Direção de Saúde Mental, (88) 99446-2114, e devem comparecer ao setor, localizado na antiga sede da Sesau (Rua José Marrocos, Bairro Santa Tereza, sala 15), para atualização cadastral. Após esse procedimento, os pacientes são direcionados ao Núcleo de Atenção à Criança e ao Adolescente com Transtorno do Espectro Autista (Nutea), onde passam por avaliação médica e recebem o agendamento da nova clínica, com dia e horário definidos para atendimento.
Quanto à fila de espera, a Sesau destaca que tem realizado um esforço significativo para ampliar a cobertura de atendimento às crianças atípicas. Como resultado desse trabalho, nos últimos quatro anos, o município evoluiu de pouco mais de 400 para mais de 3 mil crianças assistidas em equipamentos públicos e clínicas conveniadas.
Sobre as denúncias relacionadas à infraestrutura de algumas clínicas conveniadas, a Sesau esclarece que, no processo de contratação realizado em junho deste ano, foram feitas visitas técnicas a todas as unidades, ocasião em que foi constatada a adequação da estrutura física e dos serviços. Entretanto, diante dos relatos apresentados, a Secretaria reforça que realizará nova inspeção para apurar as situações mencionadas.
Resposta do IHC
O Instituto Heitor Coelho reitera que está à inteira disposição das autoridades competentes para prestar todos os esclarecimentos que se fizerem necessários, bem como para entregar toda a documentação pertinente à sua atuação, projetos, parcerias e prestações de contas.
“O IHC não tem, e nunca teve, qualquer motivo para ocultar informações, pois atua com lisura, responsabilidade e total conformidade com os princípios da administração pública e da legislação vigente. Seguiremos confiantes na verdade e comprometidos com o diálogo aberto, a transparência e o respeito às instituições”, disse em nota.
Fonte: G1
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