O advogado Celso Vilardi, que compõe a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro no processo sobre a trama golpista, avaliou nesta terça-feira (10) que o depoimento do tenente-coronel Mauro Barbosa Cid foi “ótimo” para as defesas dos demais réus.
“Para a defesa, foi ótimo. Mentiu, omitiu, esqueceu, trouxe questões que contrariam expressamente a denúncia. E hoje, nós vamos explorar isso. Vamos explorar também no momento final do processo”, disse, ao chegar ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, é o delator da suposta trama golpista que queria subverter as instituições democráticas para manter o então presidente no poder, mesmo após a derrota nas eleições de 2022.
Como delator, ele foi o primeiro réu a prestar depoimento nesta segunda (9). O ex-presidente da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem também já foi ouvido. Outros seis réus, incluindo Bolsonaro, serão ouvidos pela Primeira Turma a partir desta terça.
Esses oito réus compõem, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o “núcleo crucial” do golpe:
- Mauro Cid – Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator..
- Alexandre Ramagem – Deputado federal e ex-diretor da Abin.
- Almir Garnier – Ex-comandante da Marinha.
- Anderson Torres – Ex-ministro da Justiça.
- Augusto Heleno – Ex-ministro do GSI.
- Jair Bolsonaro – Ex-presidente.
- Paulo Sérgio Nogueira – Ex-ministro da Defesa.
- Walter Braga Netto – Ex-ministro e ex-vice na chapa de Bolsonaro.
Primeiro dia de depoimentos
O interrogatório começou com Mauro Cid, que fechou acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal. Ele confirmou a veracidade da denúncia da PGR e declarou: “Presenciei grande parte dos fatos, mas não participei deles”.
Cid negou ter sido coagido e reafirmou o conteúdo de seus depoimentos anteriores. Segundo ele, Bolsonaro teve acesso e sugeriu mudanças à chamada “minuta do golpe” — documento com medidas autoritárias para reverter o resultado das eleições de 2022.
Ainda de acordo com o militar, Bolsonaro pediu a retirada do trecho que previa a prisão de autoridades, mas manteve o item que determinava a detenção do ministro Alexandre de Moraes. Cid também afirmou que o então presidente pressionou o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, por um relatório crítico às urnas eletrônicas.
Questionado por Moraes, Cid confirmou que Bolsonaro queria um texto “duro” contra o sistema de votação.
O segundo a ser ouvido foi o deputado Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin. Ele disse que o documento em que questiona o resultado das eleições era apenas um rascunho pessoal e não foi entregue a Bolsonaro. Também negou envolvimento na disseminação de desinformação e rechaçou ter usado a Abin para monitorar autoridades:
“Decerto que não fiz monitoramento de autoridades”, afirmou.
Por Erick Rianelli, GloboNews
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