Escola indígena do Ceará recebe visita da primeira-dama Janja Silva e do ministro Camilo Santana

A visita técnica à escola integra a agenda de preparação para o evento da Coalizão Global para Alimentação Escolar, que será sediado na Capital cearense, em setembro

A cultura e a arte cearense marcaram a chegada da primeira-dama do Brasil, Janja Silva, e do ministro da Educação, Camilo Santana, ao Ceará nesta segunda-feira (26). Após serem recepcionados pelo governador Elmano de Freitas, no Palácio da Abolição, eles visitaram a instituição Tapera das Artes e a Escola Indígena Jenipapo-Kanindé, em Aquiraz, município litorâneo da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).

A visita técnica à escola indígena integra a agenda de preparação para o evento da Coalizão Global para Alimentação Escolar, que será sediado nos dias 18 e 19 de setembro deste ano, no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza. A primeira-dama Janja Silva é a embaixadora da Alimentação Escolar do Brasil.

A Escola Indígena Jenipapo-Kanindé faz parte da rede coordenada pela Secretaria da Educação do Ceará (Seduc). “Essa vai ser uma das escolas que vamos trazer representantes de 108 países para visitar. É o maior evento do mundo de alimentação escolar. Estamos hoje com nossa embaixadora Janja e a representante do Programa Mundial de Alimentos, para uma visita técnica”, detalhou a presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Fernanda Pacobahyba.

Na comitiva também estavam a primeira-dama do Estado, Lia de Freitas; as secretárias estaduais Eliana Estrela, da Educação, Luisa Cela, da Cultura, Juliana Alves, dos Povos Indígenas; o prefeito de Aquiraz, Bruno Gonçalves; a primeira-dama de Aquiraz, Carla Ibiapina; entre outras autoridades.

Saberes e sabores

No território do povo Jenipapo-Kanindé, entre dunas brancas, cajueiros e a Lagoa Encantada, a comitiva foi recebida com cantos e danças pela comunidade escolar e pela cacique Pequena (Maria de Lourdes da Conceição Alves), a primeira mulher cacique do Ceará e mestre da Cultura Indígena.

A Escola Indígena Jenipapo-Kanindé assegura diariamente a oferta de alimentação escolar aos estudantes dos turnos manhã, tarde e noite, como parte das ações de promoção do direito à educação com dignidade.

Os cardápios são elaborados com base nos princípios da alimentação saudável e adequada, incluindo produtos oriundos da agricultura familiar, entre eles o peixe, respeitando o percentual mínimo de 30% estabelecido pela legislação do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

“Esse programa chega para todas as 140 mil escolas brasileiras. A Jenipapo-Kanindé é uma das escolas beneficiadas. E, logicamente, a alimentação escolar é uma pauta prioritária no Brasil”, completou Fernanda Pacobahyba.

Em toda a rede estadual são desenvolvidas ações que favorecem a segurança alimentar, como a oferta de alimentação saudável e adequada à faixa etária e às necessidades nutricionais específicas dos alunos; implantação de ações de Educação Alimentar e Nutricional (EAN); monitoramento das escolas pela Equipe de Nutricionistas; além da formação de manipuladores de alimentos.

O cardápio leva em consideração os hábitos, as preferências e a cultura alimentares. Há 14 anos Rita Alves Ribeiro mistura sabores e saberes na cozinha da Escola, garantindo os nutrientes necessários e a tradição alimentar.

“A nossa escolha vem da nossa cultura. Nós escolhemos mais as frutas, comidas como a tapioca, o bolo de batata, o baião de dois. A gente preserva isso no dia a dia deles. Como eu digo, criança que come saudável vai ser um adulto saudável”, acredita.

A Escola Jenipapo Kanindé é resultado de uma trajetória de coletividade marcada pela atuação de professores indígenas que ministravam aulas sob as mangueiras da aldeia, liderados pelo Cacique Tio Odorico, na década de 1990.

Os projetos desenvolvidos junto à unidade de ensino reafirmam o compromisso do povo com a educação como instrumento de fortalecimento cultural, autonomia e cidadania, consolidando-se como uma referência na educação escolar indígena no estado.

A unidade desenvolve uma série de projetos pedagógicos que valorizam a cultura, a identidade e o protagonismo dos estudantes, como: Aluno Leitor, Hora do Conto, Olimpíadas de Matemática, Projeto Meio Ambiente, Feira Cultural, Rádio Escolar, Jogos Escolares, Programa Saúde na Escola, entre outros.

Ao todo, o Ceará conta com 44 escolas indígenas, as quais ofertam todos os níveis e etapas da Educação Básica (educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e modalidades Educação de Jovens e Adultos e educação especial). As escolas beneficiam 8.562 estudantes, contemplando as populações de 14 etnias, distribuídas em 16 municípios.

Tapera das Artes

Antes da visita à escola indígena, o ministro e a primeira-dama, acompanhados do governador Elmano de Freitas e outras autoridades, estiveram na Tapera das Artes.

A Tapera das Artes é uma instituição sem fins lucrativos que há mais de 40 anos desenvolve, em Aquiraz, ações pedagógicas com crianças e adolescentes. A música é o fio condutor para o aprendizado e desenvolvimento da cidadania.

“Receber o ministro Camilo, a primeira-dama do Brasil, o nosso governador, chancela a seriedade do nosso trabalho, nos impulsiona a fazer mais, a querer transformar a cultura, a arte, em ferramenta de democratização, de acesso, mas sobretudo de inclusão e sustentabilidade para um mundo, um país, um Ceará mais justo”, completou Ritelza Cabral, fundadora e membro do Conselho Consultivo da Tapera das Artes.

Ao todo, são atendidas 2.500 crianças e adolescentes, filhos de artesãos, pescadores, autônomos, entre outros. “Atendemos crianças de 7 a 14 anos, estudantes de escolas públicas, por meio do núcleo de Aquiraz, além de oito escolas do município e duas unidades de ensino localizadas em Mossoró, no Rio Grande do Norte”, explica Magno Miranda, presidente da instituição.

Para a rendeira Aurenice Lima, de 43 anos, a Tapera das Artes dá frutos que se espalham por todos os cantos. “É nosso patrimônio”, diz. A artesã chegou à instituição por conta da filha, Mariana, que faz aula de canto e bateria, e Aurenice foi convidada para ministrar oficinas de crochê para as crianças.

“A escola foi um divisor para a Mariana, que fazia terapia por causa da ansiedade. O canto e a bateria melhoraram a concentração e cognição. A arte, a cerâmica, os ateliês, tudo é maravilhoso”, acrescenta.

O pequeno sanfoneiro Lion Grifity, 12, se inspira em mestres como Luiz Gonzaga e Dominguinhos. “Nós nos sentimos fisgados pelo espaço, pela proposta, pela vivência artística e formação cidadã que a Tapera proporciona para as crianças e para os pais também”, afirma a mãe de Lion, a musicista Liliana Araújo, 48.

Por Larissa Falcão/Casa Civil


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