Uma pesquisa do Cetic.br (Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação) revelou que o acesso à internet por crianças de 0 a 2 anos aumentou entre 2015 e 2024, passando de 9% para 44%. As outras duas faixas etárias analisadas – 3 a 5 anos e 6 a 8 pesquisadores, o estudo permitiu, pela primeira vez, uma análise detalhada sobre o uso da internet por crianças de até 8 anos, com os dados fornecidos por um adulto residente no mesmo domicílio.
Quanto à posse de celular, os números permaneceram estáveis entre 2015 e 2019, apresentaram crescimento em 2021 e se mantiveram em um patamar mais elevado até 2024.
O relatório ressaltou que, com a popularização dos dispositivos e plataformas móveis, é difícil medir quem é o usuário da internet, já que alguns – como as crianças – ‘podem não ter clareza de estarem ou não acessando conteúdos e serviços online.
Além disso, os responsáveis pelo estudo defendem que o acesso às tecnologias digitais e o seu uso efetivo são mais sensíveis na faixa etária de até 2 anos. “Nesses casos, a participação em videochamadas, o compartilhamento de imagens ou vídeos em que aparecem, ou mesmo a presença em ambientes com telas, podem não ser compreendidos como uso de tecnologias por alguns, ao passo que para outros pode representar um uso mediado.”
“Estamos preenchendo uma lacuna de informação que há muito tempo é demandada pela sociedade. É importante que esses dados possam subsidiar o desenvolvimento de políticas e ações voltadas à proteção da infância no ambiente digital”, explica o gerente do Cetic.br Alexandre Barbosa.
Desigualdade Social
A pesquisa mostra que uma das características marcantes do acesso à internet no Brasil é que ele reflete a desigualdade social presente no país.
Esse fator impacta tanto o acesso à internet quanto o uso de computadores, refletindo-se também no caso das crianças de 0 a 8 anos, cujas proporções de acesso variam significativamente conforme a classe social.
Entre as crianças de domicílios das classes AB, 45% das que tinham de 0 a 2 anos, 90% das de 3 a 5 anos e 97% das de 6 a 8 anos eram usuárias da internet em 2024. Na classe C, essas proporções foram de 47%, 77% e 88%, respectivamente. Já entre as classes DE, os mesmos indicadores alcançaram 40%, 60% e 69%.
Pesquisas Complementares
Por fim, o estudo alerta para a necessidade de pesquisas complementares para qualificar o tipo de uso das crianças, além das práticas de moderação de conteúdo.
“Para além do acompanhamento por parte dos responsáveis, são necessárias ações conjuntas de governos e empresas para a criação de espaços digitais adequados a cada fase do desenvolvimento infantil, garantindo tanto a proteção quanto a promoção dos direitos dessa população também no ambiente digital”, afirma o relatório.
Por Rafaela Soares/R7