General diz que recebeu ligação do ex-comandante do Exército para impedir PM de retirar acampamento golpista

General do Exército Gustavo Henrique Dutra, em depoimento à CPI dos Atos Golpistas — Foto: TV Globo/Reprodução

Publicidade

Militar Gustavo Henrique Dutra afirmou que operação continuou sendo feita pelo Exército e que ação da PM gerou ‘clima tenso’ na praça dos cristais. General Gustavo Henrique Dutra presta depoimento à CPMI.

 

O general Gustavo Henrique Dutra disse nesta quinta-feira (14) que recebeu uma ligação do então comandante do Exército, general Freire Gomes, no dia 29 de dezembro, determinando que a Polícia Militar interrompesse a desmobilização do acampamento montado por bolsonarista após as eleições de 2022, para evitar enfrentamento dias antes da posse.

A declaração foi dada durante depoimento do general à CPI mista que investiga os atos golpistas de dia 8 de janeiro. O general respondia aos questionamentos da relatora da comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA).

“O comandante do Exército estava acompanhando, viu que o clima na praça havia ficado mais tenso. Ele me perguntou o que estava acontecendo, eu expliquei para ele o que estava acontecendo e ele determinou que a operação fosse cancelada com a presença da PM e continuasse somente com o Exército, como estava previsto”, afirmou o militar.

O general Gustavo Henrique Dutra era chefe do Comando Militar do Planalto (CMP) durante os ataques de 8 de janeiro, e responsável pelo Quartel General do Exército em Brasília durante os acampamentos golpistas montados por bolsonaristas após as eleições de 2022.

A atuação do Exército foi criticada devido ao tempo levado para desmobilizar o grupo, já que parte dos vândalos que invadiram as sedes dos três poderes no dia 8 de janeiro estava abrigada no acampamento.

À CPMI, o general disse que a ligação do comandante ocorreu três dias antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quando o movimento na praça dos cristais teria aumentado consideravelmente.

 

De acordo com o militar, na semana entre o Natal e o ano novo, o movimento no acampamento estava entre 300 e 400 pessoas por dia. No entanto, naquele dia 29 de dezembro, o fluxo chegou a mil manifestantes.

 

“Houve um fluxo fora do normal para aquele período de pessoas na praça. Quando o DF Legal iniciou a sua atuação, ele realmente foi muito mal-recebido e foi hostilizado pelos manifestantes que ali estavam”, afirmou o general.

Ainda, segundo o general, o comandante do exército sentiu o “clima tenso” na praça e disse que não seria possível haver enfrentamento às vésperas da posse, e que a ordem não teve “nada a ver” com o artigo 142 da Constituição Federal, utilizado por manifestantes que pediam intervenção militar.

 

“Naquele momento, dia 29, nós não poderíamos ter um enfrentamento porque nós estávamos nas vésperas da posse e um enfrentamento nas vésperas da posse poderia atrapalhar para normalidade daquele evento que aconteceria logo depois. Então, a ligação não teve absolutamente nada a ver com o artigo 142, nada disso”, disse.

Também foi para lá que muitos criminosos retornaram depois dos ataques. Na data, o Exército fez um cordão de isolamento que impediu que a Polícia Militar chegasse ao local.

 

 

 

fonte:G1

Publicidade

Leia também