Sinais enviados de parte a parte, nesta segunda-feira (13), indicam um movimento de reaproximação e uma “bandeira branca” estendida entre o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Integrantes da área econômica do governo viram gestos de paz e um tom conciliatório com a gestão Lula na entrevista dada pelo presidente do BC ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite de segunda.
Logo no início da entrevista, Campos Neto tentou desanuviar a imagem de “bolsonarista” que vem incomodando diretamente o presidente Lula, como relataram ao blog assessores no Planalto.
Campos Neto mandou várias mensagens que foram bem recebidas:
- explicou sua participação em um grupo de mensagens de ministros de Jair Bolsonaro como “ajuda técnica” – e chegou a dizer que fez amigos no governo Bolsonaro e espera fazer amigos no atual governo;
- fez um mea culpa por ter ido votar nas eleições de 2022 vestido com camisa verde-amarela – praticamente um uniforme de apoiadores de Bolsonaro –, afirmando que não ajudou num momento de polarização do país;
- e, mais forte ainda, disse estar disposto a encontrar o presidente Lula para explicar a taxa de juros e afirmou que a eleição não pode ser questionada.
As mensagens, segundo integrantes do governo, foram de paz.
Do outro lado, Lula esteve em evento do PT e, se a presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, criticou fortemente a política de juros altos, não houve qualquer ataque de Lula. O presidente da República preferiu olhar para frente.
Meta de inflação
Na entrevista, Campos Neto disse que mudar a meta de inflação reduz a flexibilidade do Banco Central.
Mesmo assim, disse que cabe ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, propor a discussão da mudança.
A regra do Conselho Monetário Nacional, de fato, determina que esta discussão tem que ser pautada pelo presidente do CMN, que é Haddad. Por sinal, não passaram em branco pelo radar do governo os elogios a Haddad.
Campos Neto também afirmou que, caso haja proposta de mudança da meta, irá discutir com os demais integrantes do Copom, o Conselho de Política Monetária.
O presidente Lula já indicou queconsidera uma meta entre 4% e 4,5% mais adequada, inclusive para baixar a taxa de juros. Campos Neto deu o recado de que uma alteração abrupta pode ter efeito rebote sobre os juros futuros.
Fonte: G1