Lula reúne oito ex-presidenciáveis para declaração de apoio em São Paulo

De olho em demonstração de força para tentar fechar a eleição no primeiro turno, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reuniu hoje oito ex-presidenciáveis em reunião em São Paulo. Entre ex-ministros, aliados de longa data e até antigos opositores, o encontro tem partidos que integram outras chapas presidenciais, como União Brasil e Cidadania.

Conforme o UOL levantou, com o apoio da ex-ministra Marina Silva (Rede), na última semana, Lula reuniu até então o apoio de seis dos 13 presidenciáveis de 2018. Todos estavam presentes, além de dois outros candidatos de outros anos. São eles: Guilherme Boulos (PSOL), Luciana Genro (PSOL), Cristovam Buarque (Cidadania), Marina Silva (Rede), Geraldo Alckmin (PSB), Fernando Haddad (PT), Henrique Meirelles (União Brasil) e João Goulart Filho (PCdoB).

Depois de concorrer cinco vezes à Presidência da República (entre 1989 e 2006) e ganhar duas, Lula era pré-candidato do PT em 2018 quando foi preso pela Operação Lava Jato e impedido de disputar o pleito. Em primeiro nas pesquisas, o partido registrou, então, o ex-ministro Fernando Haddad (PT) como cabeça de chapa.

Com Lula solto no fim de 2019, o PT tem propagandeado uma “frente ampla pela democracia” em prol do nome desde o segundo semestre do ano passado, quando a aliança com Alckmin, antigo opositor, foi se consolidando. Em relação aos ex-concorrentes, conseguiu formar uma miscelânea.

Geraldo Alckmin (PSB): Depois de 33 anos no PSDB, o ex-governador paulista deixou o partido em dezembro do ano passado para se filiar ao PSB e ser alçado como vice na chapa de Lula. Concorreu duas vezes ao Planalto: em 2006, contra Lula, e em 2018.

Ele saiu da sigla que ajudou a fundar amuado. Com apenas 4,7% dos votos em 2018 —na primeira vez em que o partido não foi para o segundo turno desde o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB)—, Alckmin foi deixado de lado nos planos nacionais e estaduais dos tucanos e acabou sendo bem recebido pela esquerda que tanto o havia criticado.

Fernando Haddad (PT): Ministro da Educação de Lula, o ex-prefeito paulistano tornou-se o candidato do PT em 2018 como substituto do ex-presidente em 2018. Haddad chegou a ir para o segundo turno com Bolsonaro, mas foi derrotado. Hoje, disputa o governo de São Paulo, em primeiro lugar nas pesquisas.

Henrique Meirelles (União Brasil): Presidente do Banco Central durante os oito anos de governo Lula (2003-2010), Meirelles tem se afastado do ex-chefe. Em 2018, concorreu pelo MDB, mas obteve apenas 1,2% dos votos. Desde então, havia se aproximado do ex-governador João Doria (PSDB-SP) e migrou para o União Brasil para tentar uma vaga no Senado por Goiás.

Entre disputas internas, deixou as cobiças eleitorais e virou conselheiro de uma gigante de criptomoedas. Em entrevista à Folha de S. Paulo na semana passada, declarou voto crítico em Lula.

Marina Silva (Rede): Ministra de Meio Ambiente de Lula por seis anos, deixou o governo e o PT em 2008 em meio a divergências internas. Candidata em 2010 pelo PV, em 2014 pelo PSB e em 2018 pela Rede, rompeu inteiramente com o grupo de Lula após as eleições de 14, quando declarou apoio ao deputado Aécio Neves (PSDB-MG) no segundo turno.

Ela não estava presente quando a Rede, que ajudou a fundar, uniu-se à coligação petista, mas, após diálogos intensos, voltou atrás e juntou-se ao grupo nesta semana. Neste ano, ela concorre a deputada federal por São Paulo.

Cristovam Buarque (Cidadania): Primeiro ministro da Educação de Lula, em 2003, Buarque deixou o governo e o PT em meio a denúncias de corrupção e discordâncias em relação a apertos econômicos que envolviam também sua pasta. Em meio a uma polêmica, dizia-se que foi demitido pelo telefone.

Em 2006, concorreu à presidência pelo PDT, onde ficou até 2016. Crítico do petista, voltou a se aproximar do ex-chefe durante o governo Bolsonaro. Em federação com o PSDB, seu partido integra hoje a chapa da senadora Simone Tebet (MDB-MS) ao Planalto.

Luciana Genro (PSOL): Fundadora do PSOL, Luciana deixou o PT, de onde era filiada desde a adolescência, em 2003, no primeiro ano de governo Lula, um ano antes de seu pai, Tarso Genro (PT), assumir como ministro da Educação. Desde então, também se tornou crítica ferrenha ao PT e a Lula.

No primeiro evento de Lula em Porto Alegre, estreia de viagem da pré-campanha no início de junho, ela não se mostrou muito entusiasmada com o apoio do PSOL à chapa — muito por causa do nome de Alckmin —, mas o tom mudou no último final de semana.

“Estamos aqui para enfrentar o fascismo”, justificou ela, ao lado de Alckmin e Merilles, de quem é crítica. Ela concorreu à presidência em 2014 pelo PSOL e hoje é candidata à reeleição para a Câmara dos Deputados pelo Rio Grande do Sul.

Guilherme Boulos (PSOL): Principal entusiasta e influenciador do apoio do PSOL a Lula, fechado em abril, sem lançamento de candidatura própria ao Planalto, Boulos, candidato em 2018, é um dos principais nomes da campanha lulista na cidade de São Paulo. Também deverá ser um puxador de votos para a Câmara Federal.

João Goulart Filho (PCdoB): Último colocado na eleição de 2018 pelo PPL, com 0,03% dos votos, o filho do ex-presidente João Goulart, deposto pelo Golpe Militar de 1964, está hoje no PCdoB, partido que forma federação com PT e PV.

Ele chegou a lançar pré-candidatura ao governo do Distrito Federal, mas a aliança optou pelo deputado distrital Fernando Grass (PV-DF).