Deputados da bancada do PSOL na Câmara dos Deputados protocolaram nesta quarta-feira (12) uma representação no Ministério Público Federal (MPF) pedindo a abertura de uma investigação sobre o eventual envolvimento do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e da deputada Bia Kicis (PSL-DF) no vazamento de dados pessoais de médicos que defenderam a vacinação de crianças contra a Covid-19.
Em um grupo do WhatsApp, a deputada, que é presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, confessou ter divulgado informações pessoais dos profissionais. O caso foi revelado pelo jornal “O Globo”. Os documentos estavam em poder do Ministério da Saúde e foram vazados nas redes sociais por grupos que alimentam correntes contra a imunização.
Três médicos foram alvo do vazamento. Eles haviam apresentado argumentos contundentes em defesa da vacina contra a Covid em crianças de 5 a 11 anos em uma audiência pública, postura contrária à que o presidente Jair Bolsonaro vem defendendo publicamente.
Dados pessoais de 3 médicos favoráveis a vacinação infantil contra covid são vazados ilegamente
Dados pessoais de 3 médicos favoráveis a vacinação infantil contra covid são vazados ilegamente
A representação do PSOL foi endereçada ao procurador federal dos Direitos do Cidadão, Carlos Alberto Vilhena.
Os parlamentares argumentaram que o vazamento dos dados mostra a existência de um sistema de proliferação de notícias falsas que impulsiona apoiadores do governo à violência.
“Todos esses fatos deixam claro que há em curso um amplo e sistemático modelo de disseminação de fake News, vazamentos e ameaças, que aliados ao recrudescimento autoritário do Governo – que impulsiona seus apoiadores à violência – tem graves consequências não só para a democracia brasileira, mas para com as vidas daqueles que defendem a ciência e que não concordam com a postura irresponsável do Governo Bolsonaro no que concerne às crianças”, sustentaram os deputados na peça.
No documento, os deputados citaram uma série de medidas tomadas pelo governo que contrariam orientações científicas, entre elas, o veto ao uso obrigatório de máscaras em estabelecimentos comerciais.
A bancada do PSOL concluiu a representação pedindo que o MPF verifique se a deputada e o ministro descumpriram as leis e a Constituição, e, em caso positivo, tome as providências administrativas, civis ou penais cabíveis contra ambos.
Fonte: G1