O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira (27) que as Forças Armadas devem ser tratadas com respeito e que não cumprirão eventual ordem “absurda” dele ou de outro governante.
Bolsonaro deu as declarações ao participar de uma cerimônia no Palácio do Planalto referente aos mil dias de governo. O presidente, no entanto, não disse o que seria ordem “absurda”.
“As Forças Armadas estão aqui. Elas estão ao meu comando. Sim, ao meu comando. Se eu der uma ordem absurda, elas vão cumprir? Não. Nem a minha, nem a de governo nenhum. E as Forças Armadas têm que ser tratadas com respeito”, disse o presidente no evento.
A Constituição define que o presidente da República é o comandante em chefe das Forças Armadas, que reúnem Exército, Marinha e Aeronáutica.
No discurso desta segunda, Bolsonaro disse que a criação do Ministério da Defesa, em 1999, teve como objetivo tirar os militares “deste prédio”, se referindo ao Palácio do Planalto, sede da Presidência da República.
Disse, ainda, que os cargos ocupados por militares no governo devem-se ao seu “ciclo de amizades”. O presidente, com mais de três décadas de carreira política, é capitão reformado do Exército.
Bolsonaro e as Forças Armadas
Bolsonaro já afirmou em ocasião anterior que os militares decidem se o país vive na democracia ou na ditadura. O presidente costuma utilizar o termo “meu Exército” em falas com viés de ameaça a outros poderes.
No último dia 7, o presidente da República participou de atos antidemocráticos em Brasília e em São Paulo, fez ameaças golpistas e atacou o Poder Judiciário. O ministro da Defesa, Walter Braga Netto, participou do ato em Brasília.
Além disso, em agosto, blindados da Marinha desfilaram em frente ao Planalto a fim de entregar um convite para que Bolsonaro acompanhasse um treinamento. A parada foi vista como uma forma de pressionar a Câmara dos Deputados, que no mesmo dia votou a proposta defendida por Bolsonaro do voto impresso – a PEC não foi aprovada.
Fonte: G1