Equipe cai para o modesto River Plate-URU na primeira fase do torneio com Pacaembu vazio
Ainda no primeiro tempo, Carlos Sánchez invadiu a área do River Plate-URU, cortou o marcador com um toque de direita e, em boa posição, chutou de esquerda. A bola saiu pela lateral. Não houve uma única vaia para pontuar o lance bizarro de um dos melhores jogadores do Santos.
O silêncio de um Pacaembu sem torcedores marcou com melancolia a eliminação precoce do time de Jorge Sampaoli, sensação da temporada, na primeira fase da Copa Sul-Americana. O empate em 1 a 1 em São Paulo na última terça-feira serviu aos uruguaios, bem mais modestos, que já tinham comemorado um 0 a 0 no jogo de ida, há duas semanas.
Faltaram testemunhas ao vexame santista. O Pacaembu se manteve de portões fechados graças a uma punição aplicada ao clube, que viu torcedores entrarem no gramado e atirarem bombas no campo em agosto passado, em outra queda traumática, aquela contra o Independiente, nas oitavas de final da Libertadores.
Sánchez lamenta erro no ataque do Santos — Foto: Marcos Riboli
A eliminação cria uma fissura no começo de trabalho de Sampaoli, tão elogiado pela forma ofensiva como tem montado a equipe.
O River Plate-URU fez o que lhe cabia. Montou uma retranca respeitável, praticamente anulou o ataque do Santos e viu o rival perdido – com a bola, por quase todo o tempo, mas perdido.
Com o time inteiro sempre postado no campo do adversário, o Santos deu aos uruguaios uma única oportunidade. Num contra-ataque perfeito, Mauro da Luz ganhou de Felipe Aguilar na velocidade, deixou Vanderlei para trás e fez o gol dos visitantes.
O silêncio do Pacaembu foi quebrado por uns dez dirigentes do River Plate-URU que viam o jogo das cadeiras. Eles calaram o estádio – não que fosse necessário algum esforço, mas teriam feito o mesmo ainda que o lugar estivesse cheio.
O time do Santos diante de ninguém no Pacaembu — Foto: Marcos Ribolli
A queda expõe o planejamento frágil da diretoria santista para a temporada, até então sob as sombras dos bons resultados no Campeonato Paulista e de uma classificação fácil na Copa do Brasil.
Se Sampaoli foi uma cartada audaciosa, e acertada até aqui, o elenco ainda carece de jogadores para funções importantes.
O clube foi o último, entre os grandes do país, a apresentar um reforço para este ano.
Fevereiro está acabando, e o Santos ainda não tem um lateral-esquerdo que mereça a confiança do treinador. Orinho é o único da posição, mas Sampaoli prefere improvisar o atacante Copete por ali. Com péssimo resultado.
Vexame é forte demais? River Plate, segundo jornalistas uruguaios, tem folha de pagamento de US$ 150 mil, menos do que os US$ 160 mil que são pagos a Cueva, que chegou tarde demais para ser inscrito na Sul-Americana #gesantos
Esse buraco parecia perto de ser tapado com as chegadas de Felipe Jonatan e Jorge, mas as negociações ainda não terminaram. Pior: o primeiro, do Ceará, se transformou num constrangimento para o clube.
O Santos foi a Fortaleza, disse que pagaria a multa rescisória de R$ 6 milhões, e convenceu o Ceará a liberar o jogador, que se despediu do clube com mensagem emocionada e há uma semana treina no CT Rei Pelé.
O dinheiro, porém, ainda não caiu na conta dos cearenses, que pressionam o Santos, pedem o retorno do atleta e ameaçam levar o caso à Justiça. Peres, na terça, prometeu resolver a situação até sexta-feira.
Com um bom time, mas um elenco incompleto, Sampaoli se despediu da Copa Sul-Americana sem fazer a terceira substituição contra o River Plate – no jogo, trocou Pituca por Felippe Cardoso e Alison por Yuri. Precisando de um gol para se classificar, achou melhor deixar Eduardo Sasha, Arthur Gomes e Yuri Alberto no banco. Ele cobra a contratação de um centroavante.
Era o único torneio internacional do Santos na temporada. Que só não acabou em silêncio por causa da festa dos uruguaios.
Fonte: Globo esporte