Organização formada por movimentos, sindicatos e acionistas apresentou relatório após sete dias de análises e entrevistas em Brumadinho nesta terça-feira (5).
A Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale, composta por movimentos e acionistas que criticam a atuação da empresa, fez nesta terça-feira (05) um evento com jornalistas em Brumadinho (MG), no bairro Córrego do Feijão.
Eles pediram a destituição da diretoria da Vale, o fechamento de outras minas da região e questionaram a atuação da empresa nos últimos dias.
“O fato de eles estarem no controle da Vale tende a produzir um comportamento da empresa, no sentido de evitar a revelação de fatos, documentos e informações que possam redundar na responsabilização das próprias pessoas. Como um sinal de compromisso da empresa com a verdade, seria importante essa troca dessas pessoas”, explicou Daniel Chamas, advogado e membro do grupo.
O pronunciamento foi para apresentar as conclusões após sete dias de observações das consequências do rompimento da barragem de rejeitos da Vale.
Os pontos questionados foram:
O papel da Vale na divulgação do desastre. O movimento não concorda que a Vale seja divulgadora de informações;
A Vale não divulga o plano de emergência ou laudos de segurança da barragem;
A localização da sirene que não tocou e a posição dos escritórios e refeitório;
Faltam informações sobre as doações de R$ 100 mil (“a forma como está sendo feita é estranha, sem divulgar contrato”) e de R$ 15 mil a R$ 50 mil, para quem morava próximo;
O conceito de família pedido também ofende as pessoas, uma vez que há, por exemplo, gente que não tinha união estável formal com vítimas;
As imagens da barragem só foram obtidas por outras vias, não por meio da empresa;
Uma conduta de ocultamento das informações e de falta de transparência;
Outros danos decorrentes do desastre se mostraram ainda mais graves ao longo do tempo: desvalorização dos imóveis, dificuldade de acesso.
O que é essa articulação?
A Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale é um grupo de movimentos, sindicatos, acionistas da Vale insatisfeitos e organizações descentralizado. Eles atuam no Brasil e no exterior. No Brasil, estão em Minas, Espírito Santo, Pará, Rio de Janeiro e Bahia.
A missão teve início no dia 29 de Janeiro e visitou lugares atingidos pela tragédia. Eles conversaram com a população, com familiares de vítimas e com órgãos públicos.
“Há um interesse público de toda a população Brasileira de que todo o caso venha à tona e que todos os responsáveis sejam punidos”, explicou Chamas.
Segundo Carolina Moura, moradora de Brumadinho e integrante da Associação Jangada, quando fizeram o apelo pela situação, o governo preferiu ouvir a empresa do que a comunidade: “Não fizeram uma análise correta para renovarem a licença”.
A missão busca entender como foi a atuação da mineradora nos primeiros dias após o rompimento da barragem, considerando a gravidade das violações a direitos humanos, ambientais, sociais e econômicos.
Fonte: G1.com