Alta informalidade no mercado de trabalho inibe expansão do crédito

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A alta informalidade no mercado de trabalho pode emperrar uma reação mais vigorosa do crédito. A situação preocupa porque, no país, o crédito serve de estímulo fundamental ao consumo que, por sua vez, é o grande motor da economia.

Sem carteira de trabalho, porém, tende a ficar mais difícil para o consumidor – em especial o de baixa renda – apresentar garantias para tomar empréstimo, mesmo que haja predisposição para negócio de ambas as partes.

Dos 92 milhões de ocupados, ao menos 41% (ou 37,8 milhões) estão no mercado informal, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

São trabalhadores do setor privado ou domésticos sem carteira, além dos chamados trabalhadores “conta própria” sem carteira – pequenos empreendedores de renda mais baixa, como vendedores ambulantes.

No mercado de crédito, o percentual de consumidores que não usa nenhuma modalidade de crédito ainda é alta, em 55,6% segundo dados mais recentes de pesquisa da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas).

Oito em cada dez consumidores afirmam estar no limite do orçamento, sendo que a dificuldade para contratação de empréstimos e financiamentos é maior nas classes C, D e E. Nessa faixa, mais abaixo na pirâmide social, mais da metade dos consumidores (55,3%) consideram ser difícil ou muito difícil a contratação de qualquer modalidade de financiamento.

“Certamente um trabalhador informal está disposto a gastar menos do que uma pessoa que está sob proteção da CLT”, diz Marcelo Gazzano, economista da consultoria ACPastore.

O efeito negativo da alta informalidade sobre o crédito, diz Gazzano, pode ser observado, por exemplo na trajetória do crédito consignado oferecido ao trabalhador do setor privado, portanto aquele dependente do emprego com carteira assinada.

 

Enquanto o crédito com desconto em folha como um todo ganhou corpo nos últimos anos, o consignado privado chegou a 9% do total de crédito consignado em 2012 e, de lá para cá, caiu abaixo de 6% – acompanhando a trajetória de retração do mercado de trabalho.

Ana Carla Abrão, sócia da consultoria Oliver Wyman, lembra que a formalização do mercado de trabalho brasileiro na década de 2000 teve papel importante no processo de expansão do crédito.

“Crédito vive de informação. A possibilidade que o banco tem de avaliar o risco de crédito é baseada na informação que ele tem do tomador. Quem é formalizado tem facilida

de para comprovar renda e pode ter acesso a crédito mais fácil e barato”, diz.

Representantes de setores que movimentam em peso o mercado de crédito, como construção e veículos, dizem que os bancos se tornaram mais restritivos à concessão de financiamento com a crise, tornando a carteira de trabalho ainda mais valiosa para aqueles em busca de empréstimo.

“É realmente um problema para o futuro”, diz José Carlos Martins, presidente da Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), sobre o impacto da informalidade no crédito. “É evidente que quem vai conceder empréstimo vê com mais bons olhos quem tem renda formal, mas os bancos também conseguem fazer uma análise em cima da movimentação bancária do cliente, isso continua sendo feito por vias indiretas”.

Para Vitor Velho, economista da LCA Consultores, o crédito à pessoa física poderia estar cres

Fonte: Notícias ao minuto

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