‘O orgulho supera a saudade’: mães passam o dia delas longe de filhas que estão no exterior

Pela primeira vez, Daniela passa o Dia das Mães longe da filha, Maria Júlia (Foto: Aldo Carneiro/Pernambuco Press)

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Tradicionalmente, o Dia das Mães é uma data que reúne as pessoas para celebrar a família. Seja por meio de presentes, refeições elaboradas ou mesmo um carinho, esse dia tem o poder de intensificar os laços, mesmo quando a distância física impede um abraço apertado. Neste domingo (13), o G1 traz histórias de duas mães que, em meio à saudade causada pela distância das filhas que estão fora do Brasil, sentem a felicidade e o orgulho com as conquistas delas.

Aos 38 anos, a dona de casa Daniela Tenório jamais pensou que pudesse dar à filha Maria Júlia, de 17 anos, a oportunidade de viajar para aprender uma nova língua e vivenciar novas culturas. Mas isso se tornou realidade quando a mais velha foi aprovada para passar pouco mais de três meses na cidade de Wellington, na Nova Zelândia, pelo Programa Ganhe o Mundo, iniciativa do governo de Pernambuco que leva estudantes de escola pública para aprender outras línguas no exterior.

Pela primeira vez desde que se tornou mãe, aos 19 anos, ela passa o Dia das Mães longe de Maria Júlia, sua maior companheira. A jovem estuda na Escola Estadual de Referência em Ensino Médio Adelaide Pessoa Câmara, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, mesmo bairro em que mora a família.

Maria Júlia, filha mais velha de Daniela, viajou para a Nova Zelândia pelo Programa Ganhe o Mundo (Foto: Aldo Carneiro/Pernambuco Press)

Maria Júlia, filha mais velha de Daniela, viajou para a Nova Zelândia pelo Programa Ganhe o Mundo (Foto: Aldo Carneiro/Pernambuco Press)

“No Dia das Mães, costumamos juntar a família inteira e ir à casa da minha mãe. Essa é a primeira vez que passamos separadas. Por ela ser muito caseira e apegada à irmã, eu sinto a saudade ainda mais. Somos muito amigas, ela me apoia em tudo. Só fui me conformando quando vi que ela começava a gostar das coisas lá, me mostrava as notas boas e os elogios que recebia da escola. Foi quando o orgulho superou a saudade”, diz Daniela, também mãe de Isadora Lis, de um ano.

Maria Júlia completou 17 anos no dia em que viajou para a Nova Zelândia, em 28 de janeiro deste ano. Por causa da hora do embarque, às 7h, a família quase não teve tempo de comemorar, junta, a nova idade da estudante. Apesar disso, segundo Daniela, a tradição familiar não foi quebrada, mesmo no Aeroporto Internacional do Recife/Guararapes – Gilberto Freyre, na Imbiribeira, na Zona Sul do Recife.

“Fizemos uma torta e levamos a festa ao aeroporto. Teve parabéns coletivo e eu, claro, me acabando de chorar. Estava grávida quando soube que ela ia viajar e passei três dias em prantos. Por um ano ela se preparou e eu segurei o choro, mas, quando vi que era real, não consegui mais. Quando cheguei em casa, meu marido pôs a música ‘Trem Bala’ para tocar e foi a vez de ele se acabar no choro. Eu tenho que ser forte por ele, mas chorode saudade às escondidas ”, brincou.

Maria Júlia vai passar o Dia das Mães em intercâmbio, longe da mãe, Daniela (Foto: Aldo Carneiro/Pernambuco Press)

Maria Júlia vai passar o Dia das Mães em intercâmbio, longe da mãe, Daniela (Foto: Aldo Carneiro/Pernambuco Press)

Literalmente do outro lado do mundo, na Nova Zelândia, Maria Júlia mora com uma “mãe” e “irmã” anfitriãs, mas também chegou a dividir a casa com outras duas intercambistas. Como presente atrasado de Dia das Mães, Daniela recebe a filha no Recife na quarta-feira (16), quando está previsto o desembarque da turma com a qual a jovem viajou.

“Nos falamos pouco em vídeo, porque a orientação é de que ela fique imersa na língua inglesa. Para ajudar na saudade, criei um grupo no WhatsApp com todo mundo da família e alguns amigos dela. E assim, todo dia, ela tem atualizações sobre nós. Somos uma família humilde e, se fosse por nós, ela jamais teria essa oportunidade. Mãe é mãe até a distância, dando bronca quando vejo que ela está saindo demais e aconselhando, mas o que importa é ver que ela está feliz”, ressalta.

Situação parecida vive a assistente contábil Aldinete Nascimento, de 48 anos, que passa, neste ano, o segundo Dia das Mães longe de uma das filhas, a administradora Bianca Nascimento. Em outubro de 2016, Bianca decidiu largar tudo para seguir o sonho de viver fora do Brasil. Aos 24 anos, a jovem mora na cidade de Vila Nova de Gaia, em Portugal.

Aldinete passa o segundo Dia das Mães longe da filha, que mora em Portugal (Foto: Reprodução/Facebook)

Aldinete passa o segundo Dia das Mães longe da filha, que mora em Portugal (Foto: Reprodução/Facebook)

“Minha filha mais nova casou em um ano e, no outro, a mais velha decidiu mudar para Portugal. Ela sempre dizia que sairia do Brasil, mas pensei que fosse coisa de criança. Ela chegou um dia e disse ‘mãe, vou sair do emprego e ir para Portugal’. Foi um baque. Ela, aos 21 anos, mal tinha saído de Pernambuco, o que dirá cruzar o oceano sozinha?”, afirma Aldinete.

Diferente de Daniela, Aldinete conseguiu ver de perto a realidade em que vive a filha, o que ajudou a controlar a saudade com a qual convive diariamente. Mas mesmo longe, Aldinete, Bianca e a irmã Thais fazem videoconferências quase todos os dias. Na Europa, a jovem ficou noiva, e a mãe fez questão de conhecer o rapaz.

“Conheci a família dele, que a acolheu muito bem. Dá até certo ciúme, porque ele é filho único e a família diz que ela é a filha perfeita, que já veio pronta. Ao mesmo tempo, fico muito feliz que eles a veem dessa forma. Graças a Deus, sob minhas fortes orações, tudo deu certo e o tiro no escuro que ela deu foi certeiro”, brinca Aldinete.

Bianca (à esquerda) e Thais (à direita) são filhas de Aldinete (centro) (Foto: Reprodução/Facebook)

Bianca (à esquerda) e Thais (à direita) são filhas de Aldinete (centro) (Foto: Reprodução/Facebook)

Sobre o casamento, a assistente contábil aceitou que a cerimônia aconteça na Europa, mas não abre mão de uma comemoração à brasileira. Ela tem planos de mudar-se, de vez, para morar perto de Bianca.

“A família dele é muito tradicional, então, tudo bem casar lá. Mas tem toda a família brasileira e vai ter que haver celebração aqui também. Quero, no fim de 2017, estar morando lá, mas penso em Thais. Todo dia fazemos videoconferência e, mesmo longe, a ligação continua forte, mas já foi um baque a irmã se mudar, e mãe é mãe, certo?”, questiona, mesmo sem ter nenhuma dúvida da resposta.

 Fonte: G1 nordeste

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