Sheridan faz aqui um filme “em branco”, uma vez que há neve por toda a parte, na tentativa de tingir seu filme de alguma profundidade
sobre um equilíbrio incessante entre frieza e emoção que “Terra Selvagem”, segundo longa-metragem do ator e roteirista americano Taylor Sheridan, está estruturado. Natalie (Kelsey Asbille), uma adolescente índia, é cruelmente violentada e assassinada. Seu corpo é encontrado pelo caçador de predadores Cory Lambert (Jeremy Renner), já congelando, no meio da neve.
Como é um caso de assassinato dentro de uma reserva indígena, Wind River, pertencente a um Estado dos EUA (Wyoming), o FBI é chamado. O descaso das autoridades é tamanho, que mandam uma única agente inexperiente para o caso.
Não é culpa de Jane Benner (Elizabeth Olsen), que se envolve de corpo e alma em seu trabalho, tendo que aprender a lidar com o machismo de uma região dominada por homens aparentemente brutos, e, num segundo estágio, aprender que esses brutos também têm sentimentos.
É curioso o caso de Taylor Sheridan. Ator de séries de TV, estreou na direção em 2011 com um exercício de horror chamado “Vile”. Em 2015, iniciou carreira de roteirista profissional com “Sicário: Terra de Ninguém”, dirigido por Denis Villeneuve.
Por seu segundo roteiro, “A Qualquer Custo”, de David Mackenzie, foi indicado ao Oscar. Tornou-se, curiosamente muito cedo, uma espécie de roteirista-autor, com obsessões e temas de sua preferência.
O passo seguinte foi voltar à realização, desta vez com um roteiro de sua própria autoria. Chegamos então a este “Terra Selvagem”, reputado como o terceiro da chamada “Trilogia da Fronteira”.
Sheridan faz aqui um filme “em branco”, podemos dizer, uma vez que há neve por toda a parte. Até mesmo o figurino de Cory durante boa parte do filme é branco, para se camuflar na neve e surpreender a presa.
Esse branco, claro está, representa a pureza, a inocência, manchada pelo vermelho do sangue, da violência. Nada nova essa analogia, mas Sheridan se agarra a ela na tentativa de tingir seu filme de alguma profundidade (lembrar, por exemplo, das conversas sobre a dor do luto entre Cory e o pai de Natalie).
Seria interessante que atentasse mais ao comportamento da câmera, ferramenta ainda essencial para a realização cinematográfica (pelo menos para aquela que não está sob a classificação de experimental). Pois a câmera do filme, em grande medida, parece operada por um amador, o que ameaça o equilíbrio inicialmente pretendido e provoca uma aparência sutil, mas sensível, de falta de controle. Com informações da Folhapress.
TERRA SELVAGEM (Wind River)
DIREÇÃO Taylor Sheridan
PRODUÇÃO EUA, 2017. 108 min. 16 anos.
ELENCO Elizabeth Olsen, Jeremy Renner e Kelsey Asbille
AVALIAÇÃO regular