Afinal da Liga das Campeões é especial para um jogador por um motivo a mais do que simplesmente ter a oportunidade de fazer parte dela: Gareth Bale. Nascido e criado em Cardiff, no País de Gales, o meia-atacante voltará a casa para o duelo deste sábado entre Real Madrid e Juventus, no Millennium Stadium. Mas, ao mesmo tempo, ele vive provavelmente seu pior momento desde que chegou ao clube espanhol e, por ironia do destino, pela primeira vez não tem a garantia de que será titular.
Bale foi contratado pelo Real junto ao Tottenham em meados de 2013 naquela que tinha sido a transferência mais cara da história do futebol: 101 milhões de euros – superada no ano passado pela negociação de Pogba da Juventus para o Manchester United. Sempre teve status de intocável. Foi assim com Carlo Ancelotti, Rafa Benítez e até agora com Zinedine Zidane. Mesmo atrapalhado por lesões no caminho, teve papel decisivo na conquista da Liga dos Campeões tanto em 2013/14 quanto em 2015/16, sendo um dos melhores em campo nas duas finais – ambas contra o Atlético de Madrid.
Nesta temporada, no entanto, Bale teve seu menor número de jogos, e a parte física passou a gerar preocupação no Real Madrid. Foram apenas 26 partidas disputadas. O número total e a média de gols também foram os mais baixos até hoje: nove, com média de 0,34.
Números de Bale:
- 2013/14 – 44 jogos, 22 gols (0,5 de média)
- 2014/15 – 48 jogos, 17 gols (0,35 de média)
- 2015/16 – 31 jogos, 20 gols (0,64 de média)
- 2016/17 – 26 jogos, 9 gols (0,34 de média)
Para piorar a situação dele, Isco deu conta do recado com ótimas atuações, e boa parte da imprensa espanhola e da torcida vem cobrando sua permanência no time titular mesmo com a volta do camisa 11. O assuntou foi levantado várias vezes durante a última entrevista coletiva do técnico Zidane, que faz mistério sobre a escalação de sábado. Sem jogar desde 23 de abril, o galês pode perder o posto justamente quando terá a chance de atuar em casa, onde é ídolo absoluto.
Gareth Bale ganhou busto em Cardiff antes da final, mas pode não ser titular em casa (Foto: Divulgação / Paddy Power)
Ponto fraco: 17 lesões, 6 na panturrilha esquerda
Desde que chegou ao Real Madrid, Bale sofreu um total de 17 lesões, que divididas por quatro dão uma média de 4,25 por temporada. Seis delas, inclusive a última, foram na panturrilha esquerda, que parece ser seu ponto fraco. Essa repetição é outro ponto que incomoda o clube. Se antes o jogador era inegociável, agora não seria uma surpresa se os merengues aceitassem uma oferta gorda por ele. O Manchester United, por exemplo, demonstrou interesse e pode levar isso adiante.
– Nada está funcionado. A cinta antigravidade da Nasa que há no centro de treinamento do Real Madrid e que permite ao Bale correr suportando somente 20% de seu peso corporal se transformou na melhor amiga dele. Mas quando ele precisa gastar seu físico de verdade, em um jogo, sua segurança se evapora – escreveu Carlos Forjanes, do jornal espanhol AS.
– Ele está pegando um lugar na lista dos jogadores que ganham altos salários e são considerados muito frágeis, casos recentes de nomes como Robben, Kaká, Sahin, Metzelder, Woodgate… – completou o jornalista espanhol.
Gareth Bale se machuca durante clássico com Barcelona: 17 lesões desde que chegou ao Real Madrid (Foto: Reuters / Susana Vera)
Sem Bale, CR7 fica mais solto em campo
A verdade é que Bale deixou de ser essencial para o time. Além das lesões, caiu de rendimento. Sem poder contar com o galês, Zidane alterou a formação ofensiva para colocar o talentoso Isco, e os resultados vieram rapidamente. Inclusive, a mudança parece ter aumentado a importância de Cristiano Ronaldo em campo. Antes o português jogava na ponta esquerda, com Bale na direita e Benzema centralizado. Agora ele joga mais à frente e mais centralizado ao lado de Benzema, com Isco vindo de trás e distribuindo mais as bolas. Com a pontaria afiada e com menos obrigação na marcação, CR7 pôde se soltar ainda mais e fez um caminhão de gols. Será que isso contará contra Bale?
Por sinal, Isco não é o único que tem jogado bem na vaga do galês. Outros jovens como Marco Asensio e Lucas Vázquez, principalmente o primeiro, demonstraram que têm valor.
Bale já deu muito retorno técnico ao Real Madrid, mas hoje vive um momento bastante complicado. Não é certo se ele será titular neste sábado, tampouco se continuará no clube espanhol. O mais indicado para dizer isso é Zidane, que prefere manter o mistério. A presença ou não dele na final contra a Juventus vai dizer muito sobre o futuro do camisa 11 em Madri.
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