Sergio Sette Câmara teve nesta segunda-feira um bom início de preparação para a temporada de F2 (ex-GP2), a seu primeira. Ele disputou o Campeonato Europeu de F3 no ano passado. Junto dos demais 19 pilotos que no dia 15 de abril vão dar a largada no GP de Bahrein, etapa de abertura do campeonato da F2, Sette Câmara treinou no Circuito da Catalunha, em Barcelona.
O experiente japonês Nobuharo Matsushita, da ART GP, estabeleceu o melhor tempo, 1min29s061, tendo completado na sessão da tarde, a de maior representatividade, por causa de o asfalto ter estado molhado em boa parte da manhã, 43 voltas no traçado catalão de 4.655 metros. A preocupação maior do mineiro de 18 anos foi começar o trabalho com seu time, Motorsport, holandês, e conhecer melhor o carro e principalmente os pneus.

De manhã deu somente 17 voltas e à tarde, 26. Na melhor passagem, sempre com os pneus duros, registrou 1min30s278, o 13º do treino da tarde.
A Pirelli manteve na F2 a mesma filosofia exigida pelas lideranças da F1 de 2011 até o ano passado, ou seja, pneus de elevada degradação. “Você joga tudo em uma ou no máximo duas voltas lançadas na F2 e são apenas dois jogos de pneus na classificação. Na F3 nossos melhores tempos vinham depois de nove, dez voltas, tínhamos tempo de ir melhorando a performance volta a volta. Na F2 você tem de estar pronto para jogar tudo numa única volta”, explicou Sette Câmara.
“Cada piloto recebeu cinco jogos de pneus duros e dois moles para os três dias de treinamento. Acho difícil que alguém já tenha recorrido aos macios hoje, por a pista estar verde ainda (ter pouca borracha e, portanto, oferecer menor aderência que no terceiro dia)”, explicou o piloto. “Na F2 não é diferente, nesse sentido da representatividade dos tempos, do que vimos na F1. Você nunca sabe a condição que o seu adversário está treinando.”

O programa da Motorsport nesta segunda-feira era permitir que tanto Sette Câmara quanto o seu companheiro, o britânico Jordan King, vencedor de duas corridas da GP2 em 2016, se familiarizassem com a metodologia do grupo e iniciassem o acerto básico do carro, chassi produzido pela Dallara, equipado com um motor aspirado V-8 de 4,0 litros, capaz de desenvolver 612 cavalos de potência. Em 2018 a F2 mudará tudo, aproximando-se mais da F1 novamente.
“O meu primeiro teste foi positivo. Comecei com um jogo de pneus duros e depois usei outro, sempre dos duros. Amanhã acredito que nossa equipe vá querer buscar um pouco mais de performance. Alguns pilotos usaram o segundo jogo no fim da manhã, quando a pista secou. Não nos preocupamos com isso”, disse o piloto da Motorsport.

O parceiro seguiu o mesmo programa. “Trabalhos bem, trocamos informações, ele sabe explorar melhor as flying laps do pneu. É um exercício. Eu não encaixei muito bem a minha volta, mas consegui ficar na frente dele, foi bom para a equipe ver.” King fez à tarde 1min30s330 (22 voltas), 15º. O monegasco Charles Leclerc, uma das estrelas da F2 este ano, campeão da GP3 em 2016, piloto da academia da Ferrari e do time campeão da F2, Prema, ficou em nono, 1min29s756 (30).
A importante diferença imposta pelo piloto da ART GP, o mais rápido, para Sette Câmara e King, cerca de 1,2 segundo, não preocupa o mineiro. “O Matsushita já corria lá no ano passado, sabe como explorar os pneus. No teste de hoje houve quem procurou ser um pouco mais rápido e outros não. Você sabe tudo e não sabe nada do treino”, comentou Sette Câmara. Até o último dia a tendência é os tempos se aproximarem, na sua visão. “Nossa meta é estar regularmente dentre os sete mais rápidos.”
Na próxima semana, dias 22 e 23, no Autódromo do Estoril, em Portugal, outro piloto brasileiro inicia sua trajetória visando, tudo dando certo, desembarcar na F1 em 2020, o paulista Bruno Baptista, de 19 anos. Ele vai disputar sua primeira temporada na GP3. Estará numa boa equipe, a francesa DAMS.