Fósseis cearenses eram vendidos por 100 mil euros na Alemanha

Fósseis achados no Ceará e contrabandeados na Europa são vendidos por até 100 mil euros — Foto: MPCE/Divulgação

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Material com 60 fósseis originários da Chapada do Araripe, na região do Cariri, foi apreendido nesta última segunda-feira (16) na Alemanha, após um pedido do Ministério Público Federal no Ceará. Os exemplares eram comercializados ilegalmente em um site de leilões por 100 mil euros, cerca de R$ 630 mil, e devem retornar ao país após a conclusão da investigação.

Entre os animais fossilizados estavam um pterossauro, uma raia, insetos e aracnídeos que foram levados do Ceará. Conforme a Constituição brasileira, os fósseis pertencem à União. Conforme o Ministério Público, o responsável pelas vendas em site hospedado na Holanda já foi identificado.

Para verificar a procedência do material, a Universidade Regional do Cariri (Urca) fez análise nos exemplares e atestou que os animais viveram no estado há mais de 120 milhões de anos.

“Ao observar as placas de calcário em que os insetos detalhados aqui estão preservados, é clara a identificação da pedra Cariri, variando de tonalidade acinzentada a creme e amarelada, com pequenos fragmentos de algas e por vezes, dendritos de manganês, configurando a característica típica desta rocha da Formação Crato e fartamente explorada nos municípios de Santana do Cariri e Nova Olinda, ambas no Estado do Ceará”, detalha o laudo técnico.

Foi realizada parceria com o Ministério Público de Kariserslautern, na Alemanha, pela Secretaria de Cooperação Internacional da Procuradoria-Geral da República (SCI/PGR), para a apreensão preventiva do material após a conclusão dos especialistas.

A região do Cariri cearense é uma das mais ricas em fósseis no país. Crimes de contrabando desse tipo de material são comuns, e o Ministério Público tem reforçado a fiscalização na área. Em 2015, alemães descobriram uma espécie inédita de cobra com patas por meio de um fóssil extraído no Ceará.

Investigação

 

O processo de investigação iniciou quando dois biólogos reportaram ao Ministério Público Federal que um site de leilões de fósseis anunciava a venda do material de origem brasileira. O procurador Rafael Rayol, responsável pelo caso, solicitou análise dos exemplares e cooperação das autoridades alemãs.

“Os sites foram retirados do ar, mas, antes disso, conseguimos preservar todas as provas e formalizamos o pedido de repatriação do material, que tem grande valor científico para o Brasil”, destaca.

 

Foi solicitado à Urca, então, laudo técnico com detalhamento material e para confirmar a origem cearense. Os especialistas indicaram as características de todos os animais encontrados na operação.

“A solicitação referente a data em que estas peças teriam sido extraídas é incerta, mas se sabe que a exploração do calcário Laminado de Nova Olinda-CE (Pedra Cariri, de onde a maioria dos fósseis deste processo são provenientes), só se iniciou comercialmente na década de 80”, afirmam.

Com a constatação, o responsável pelo site de leilões alemão foi identificado e a apreensão preventiva do material foi solicitada pelas autoridades brasileiras. Também foi feito pedido de cooperação internacional dirigido à Alemanha para conclusão da investigação e devolução de todos os fósseis brasileiros.

Fonte: G1

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