O que pode aumentar ou diminuir a resposta imune de idosos a vacinas?

Foto: Fernando Villar/EFE

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Imunizante de Oxford gera resposta imune forte nessa população, que tende a desenvolver proteção mais fraca; especialista pede cautela

A idade avançada faz dos idosos o principal grupo de risco da covid-19 e, por si só, já é um fator que interfere na reação imune dos idosos a qualquer vacina. Por isso, a notícia de que o imunizante desenvolvido pela Universidade de Oxford em parceria com a empresa AstraZeneca gera uma resposta forte nessa faixa etária é animadora, mas deve ser encarada com cautela.

Isso é o oposto do que aconteceu com a Coronavac, que produziu uma resposta imune menor na população mais velha se comparada com os mais jovens.

De acordo com a pediatra Flávia Bravo, presidente da Regional do Rio de Janeiro da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), uma das hipóteses para explicar essa diferença é a tecnologia por cada imunizante. Mas a médica frisa que mais estudos são necessários para tirar conclusões.

Por que a proteção de idosos é mais fraca

A resposta imune de idosos a vacinas tende a ser mais fraca por causa do envelhecimento do sistema imunológico, fenômeno chamado de “imunossenescência”.

“O envelhecimento do organismo é global, portanto, inclui o sistema imune. Alguns atores [de defesa] são piores do que o de pessoas jovens. Então, a expectativa é sempre de uma resposta pior em idosos”, afirma Flávia.

O alergologista e imunologista Gesmar Segundo, coordenador do Departamento Científico de Imunodeficiências da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia), acrescenta que ao longo da vida ocorre a morte de células e os idosos têm mais dificuldade para fazer a reposição dessas perdas. “Eles têm menos linfócitos B [células que produzem anticorpos]”, observa.

A existência de doenças crônicas é outro aspecto que contribui para debilitar o mecanismo de defesa do corpo humano. Elas acometem 70% da população idosa do Brasil, de acordo com uma pesquisa divulgada há dois anos pelo Ministério da Saúde.

“O nosso corpo é todo interligado. A doença crônica crônica vai fazer com que todas as outras células não funcionem bem, inclusive as do sistema imune. Então, quanto mais comorbidade o idoso tiver, menos resposta imune ele vai ter”, explica Gesmar.

Vacinas podem ser potencializadas

Entretanto, há diversas formas de minimizar esses problemas, de acordo com Flávia. Uma delas é o uso de adjuvantes, substância que é adicionada a uma vacina com o objetivo de potencializar sua capacidade de gerar uma resposta imune do organismo.

A especialista observa que no exterior existe uma vacina contra a gripe exclusiva para idosos que possui uma dose maior de antígenos, elementos estranhos ao corpo humano que estimulam a produção de anticorpos.

De acordo com a Sanofi Pasteur, farmacêutica que produz o imunizante, ele é 24,2% mais eficaz que a vacina contra influenza trivalente usada no Brasil. O imunizante mais potente obteve aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 2018, mas ainda não está disponível para a população.

“Mas com o coronavírus não dá para saber se poderemos fazer isso, Temos pouca informação ainda, tudo depende de testes e cada vacina tem uma característica própria”, destaca Flávia.

Gesmar, por sua vez, pede cautela. “Esses dados divulgados se referem à produção de anticorpos, mas é preciso saber se eles funcionam. Então, isso não significa que a vacina é eficiente. Precisamos esperar os resultados da fase três de testes”, enfatiza.

Fonte: R7

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