“Quando eu descobri esse lugar todo, o subúrbio, eu comecei a me apaixonar”. A declaração é do italiano Nino Pirro, 55 anos, que mora no bairro de Coutos, em Salvador, há 5 anos. Ele é enfático ao dizer que o amor por Clara Pirro, com quem é casado há 9 anos, e o encanto pela região onde a mulher nasceu foram determinantes para a escolha de uma nova moradia e uma transformação no estilo de vida que seguia em Roma.
“Foi amor à primeira vista. Eu acho que esse lugar vale a pena ser visitado. Eu sou um apaixonado de praia, de mar, e, ao mesmo tempo, sou um admirador de plantas. E, em Coutos, tem as duas coisas. Tem praia, tem mar e, ao mesmo tempo, ainda é um lugar arborizado, muito verde. Eu sempre digo que um lugar assim, em muitos lugares do mundo, seria [considerado] um lugar de primeira”.
Na semana em que a capital baiana completa 470 anos, o G1 conversou com Clara e Nino, que além de escolherem Coutos para morar, viram no local uma oportunidade de empreender na região.
Nino conheceu Salvador e também Clara, que nasceu e foi criada no subúrbio, há dez anos. Após casarem, eles chegaram a morar em Roma por quase 5 anos. Mas, apaixonado pela capital baiana e, principalmente, pelo subúrbio, Nino insistiu em voltar para a Bahia e começar uma vida nova. O desafio, conta o italiano, foi convencer a esposa de que há beleza no subúrbio e que é possível ter uma vida com qualidade no local.
“Ele é um apaixonado do subúrbio e foi ele que me fez enxergar tudo isso aqui [as belezas do lugar]. Eu não queria, de jeito nenhum, voltar para cá [para morar]. E aí que começou esse trabalho dele de me mostrar as coisas bonitas daqui. E eu acabei me apaixonando também. Comecei a enxergar esse lado bonito do subúrbio”.
Foi da visão poética do italiano, que nasceu em Salermo, mas morou em Roma por muitos anos, que saiu a ideia de empreender no subúrbio. Após compartilharem fotos do local com a irmã de Nino, que tem uma pousada na Itália, o casal seguiu o conselho dela e abriu a “Casa do Nino”, uma hospedaria no estilo cama e café, bem no coração do subúrbio.
“A gente, passo a passo, começou a ver crescer essa ‘menina’. Do primeiro tijolo até hoje a gente fica apaixonado. Todos os dias admiramos nossa obra de arte. E todo mundo que vem aprecia principalmente a energia do lugar. O verdadeiro desafio é fazer aqui no subúrbio uma coisa bonita”, disse Nino.
Fora do tradicional roteiro turístico da cidade, a região, que tem 16 bairros, ainda conta com poucas opções de hospedagem, mas tem chamado cada vez mais a atenção de visitantes locais e estrangeiros, por conta das belezas que guarda.