#NãoÉNão: mulheres se unem para brincar o carnaval e lutar contra o assédio no Recife

Grupo distribui tatuagens dizendo "Não é não!" no Recife — Foto: Pedro Alves/G1

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“Não é não”. Esse é o lema de uma campanha que visa coibir o assédio e a violência contra a mulher durante as prévias e o carnaval do Recife e de Olinda. Neste sábado (9), o movimento foi até a prévia do bloco “Eu Me Vingo de Tu no Carnaval” para distribuir tatuagens e fitas aos foliões.

A campanha é realizada pelo aplicativo Mete a Colher, que busca mapear mulheres em situação de vulnerabilidade e conectá-las com outras disponíveis para ajudar. O grupo saiu distribuindo tatuagens com a frase “não é não!” pelo bairro da Boa Vista, onde blocos desfilam neste fim de semana.

A publicitária Isabel Cavalcanti, embaixadora do Não é não em Pernambuco, explica que a ideia é politizar o corpo das mulheres para dizer “não” à violência.

Tatuagens distribuídas no carnaval do Recife são contra assédio — Foto: Pedro Alves/G1

Tatuagens distribuídas no carnaval do Recife são contra assédio — Foto: Pedro Alves/G1

“Nossa questão é usar o corpo da mulher como ferramenta política. No carnaval, mais que em qualquer outra época, fica naturalizado o assédio e a violência contra a mulher, porque é quando ela está mais vulnerável. A tatuagem vem para politizar nosso corpo. Está escrito na pele que não é não”, afirma.

Também embaixadora do movimento, a designer Jade Jofilsan diz que, para o carnaval de 2019, foram compradas, por meio de financiamento coletivo, cerca de 20 mil tatuagens e 20 mil fitas para identificar mulheres dispostas a ajudar outras em situação de perigo.

“Essas fitinhas têm dizeres que afirmam que uma mulher está disposta a ajudar outra na rua. Por exemplo, se uma mulher estiver em perigo e ver outra usando a fita, ela sabe que essa pessoa está apta a prestar assistência. Já fazemos a distribuição há dois anos”, conta.

Isabel Cavalcanti (esquerda) e Jade Jofilsan são embaixadoras da campanha "Não é não" no Recife — Foto: Pedro Alves/G1

Isabel Cavalcanti (esquerda) e Jade Jofilsan são embaixadoras da campanha “Não é não” no Recife — Foto: Pedro Alves/G1

Ainda segundo Isabel Cavalcanti, o Eu me vingo de tu no carnaval foi escolhido como um dos blocos para a distribuição das tatuagens por causa de um relato de assédio ocorrido durante uma prévia, no bairro do Espinheiro, Zona Norte da cidade. Casos como esse podem ser configurados como importunação sexual. A tipificação criminal desse tipo de atitude foi sancionada em setembro de 2018.

“Houve um caso de beijo forçado numa prévia, em janeiro. Por isso, decidimos vir até o bloco. A direção da troça foi completamente receptiva, está em contato conosco e também não apoia esse tipo de atitude”, afirma.

Integrante do “Eu me vingo”, a atriz Thaysa Zooby falou sobre a importância de discussões sobre o machismo durante o carnaval. “É um momento delicado e temos mulheres na diretoria do bloco para que a discussão seja mais forte. Queremos que os machistas se danem”, diz.

 Fonte: G1

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