Dia da Árvore: no Recife, plantas influenciam sensação térmica e trazem conforto a pedestres

Bairro de Apipucos, na Zona Norte do Recife, abriga uma Unidade de Conservação da Natureza — Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press

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Pedaços de natureza enraizados em meio ao concreto das calçadas, as árvores têm, nesta sexta (21), um dia dedicado a ações de preservação e conservação. Apesar de as plantas serem reconhecidas pelos pedestres como refúgios contra as altas temperaturas do Recife, a distribuição desigual pelas áreas da cidade acentua o mormaço sentido por quem anda a pé em algumas áreas e tem motivado discussões do poder público para agregar mais verde à cidade.

De acordo com a Prefeitura do Recife (PCR), existem, atualmente, 250 mil árvores espalhadas pela capital pernambucana. Para quem estuda questões ligadas ao planejamento urbano, as plantas estão concentradas em áreas específicas, causando desequilíbrio na sensação térmica de quem caminha.

“Em uma escala macro da cidade, alguns bairros têm condições ambientais mais amenas em função da presença da vegetação. Mas mesmo em bairros como Casa Forte, em que há uma presença maior de verde, a concentração é em lotes, ou seja, muitas ruas perderam a arborização e muitos pedestres perdem o conforto [térmico]”, explica a professora do curso de arquitetura e urbanismo da Universidade Católica de Pernambuco, Paula Maciel.

GIF mostra, no mapa do Recife, diferença de temperatura em áreas com e sem Unidades de Conservação da Natureza — Foto: Arte/TV Globo

De acordo com o monitoramento feito pela PCR, a temperatura na capital pernambucana é amenizada em áreas de Unidades de Conservação Natureza (UCNs), espaços em que a urbanização é controlada pela administração municipal. Em bairros como Afogados e Imbiribeira, por exemplo, o vermelho dos mapas de calor indica mais de 28°C, o que coincide com a ausência de áreas verdes. (Veja GIF acima)

Por outro lado, bairros com UCNs e árvores distribuídas de maneira mais igualitária pelo território, como a Várzea, na Zona Oeste, ou Apipucos, na Zona Norte, têm no mapa cores frias que refletem, na prática, na amenização dos efeitos do sol. Segundo o monitoramento da PCR, a temperatura em alguns desses locais chega a ser menor do que 21°C.

De acordo com a professora Paula Maciel, esses dois últimos bairros têm presença mais uniforme de árvores, o que proporciona mais conforto para os pedestres. “A condição ambiental desses lugares é diferente é porque a massa verde, como um todo, é distribuída”, comenta a docente.

Ainda segundo a pesquisadora, é preciso planejar a urbanização para que as árvores convivam de maneira harmoniosa com elementos como fiação e calçadas.

“Muita gente acha que o problema vem da árvore, quando na verdade vem da calçada. Teríamos que ter um programa de vegetalização urbana, mas para que isso traga benefícios, é preciso estudar as calçadas para que o pedestre possa circular”, afirma.

Avenida Conde da Boa Vista, um dos principais corredores viários do centro do Recife, tem poucas árvores ao longo de sua extensão — Foto: Marlon Costa/Pernambuco PressAvenida Conde da Boa Vista, um dos principais corredores viários do centro do Recife, tem poucas árvores ao longo de sua extensão — Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press

Avenida Conde da Boa Vista, um dos principais corredores viários do centro do Recife, tem poucas árvores ao longo de sua extensão — Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press

De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade, a compensação de locais em árvores com o plantio de mudas é um desafio, assim como o estudo das áreas de conservação da natureza.

“As compensações ambientais referentes à construção de empreendimentos eram feitas de forma aleatória na cidade, mas buscamos identificar quais as áreas onde há mais fluxo de pessoas e, durante 2018, estamos buscando fazer isso em áreas como o Cabanga, Joana Bezerra e nas proximidades do Hospital da Mulher [no Curado]”, afirma o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Bruno Schwambach.

A respeito das UCNs, o poder público propõe estudar esses espaços para avaliar espécies e fazer com que o desenvolvimento da cidade, além de urbano, seja também sustentável. “Uma equipe de biólogos vai faz um trabalho até o fim do ano que vem para avaliar as perspectivas de ocupação desses espaços que a gente pode ter no futuro, para evitar erros que a gente cometeu no passado”, diz o secretário.

Entre as cerca de 250 mil árvores do Recife, há 54 plantas tombadas — Foto: Marlon Costa/Pernambuco PressEntre as cerca de 250 mil árvores do Recife, há 54 plantas tombadas — Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press

Entre as cerca de 250 mil árvores do Recife, há 54 plantas tombadas — Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press

Manutenção e plantio

De acordo com a Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife, o monitoramento das árvores – comuns e tombadas pela Prefeitura – é feito diariamente. Em caso de necessidade de poda, a população pode entrar em contato com o órgão através do número 156. Pelo mesmo número, é possível solicitar o plantio de mudas em áreas públicas.

Fonte: G1

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