Romulo Costa
A casa também faz parte da viagem. As andanças do casal Eleazar de Castro Ribeiro, 62 anos anos, e Goretti Gurgel, 60, e encontram descanso em álbuns de fotografia, souvenirs e cadernos de pesquisa espalhados pelas prateleiras da sala. Quem passa os olhos por aqueles objetos conhece um pouco das mais de 50 cidades nas quais estiveram nos últimos 11 anos. Todas cenários da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) na Europa e América do Norte.
As viagens começaram com o desejo pessoal de Eleazar em ir a locais que ele conhecia de filmes, livros e pesquisas na Internet. A ideia do casal era visitar o filho que fazia intercâmbio na Alemanha e conhecer alguns espaços marcantes do País. No roteiro, cidades marcantes para o contexto das batalhas, como a alemã Kassel, que teve quase todos os prédios destruídos.
Era 2006. De lá para cá, foram nove viagens só ao continente europeu.
Todos com passagens por áreas da Segunda Guerra. “Eu tinha curiosidade de conhecer esses locais, mas não imaginaria que seria uma coisa sistemática”, considera Eleazar, professor universitário aposentado. De volta ao Brasil, ele começou a fervilhar ideias. Haveria de conhecer novos espaços.
No início, ela chegou a se queixar dos roteiros. A crítica maior era que os locais remetiam a uma história de muito desgaste. “Era muita morte, muito sofrimento. Mas eu sempre me interessei por história”, ela diz.
Aos poucos, as curiosidades foram aparecendo. As narrativas e os interesses se aliaram.
“Eu não gosto da batalha, da morte, da violência. Eu gosto da história, do contexto geopolítico, das tramas. Quero saber como aconteceu”, divide Eleazar, sem negar que isso demanda tempo e cuidado. E isso começa antes de embarcar. Juntos, eles definem os países a serem visitados. Meses antes, Eleazar engrena a pesquisa, buscando curiosidades, museus e espaços de visitação.
Roteiros
Metódico, o professor sistematiza tudo em um guia de viagens com o roteiro e informações preliminares de cada cidade e país visitado, sempre atrelando os dados às ocorrências da grande guerra. “A viagem começa bem antes. Eu escrevo, discuto com ela sobre os lugares. A gente vai e volta…”.
A última viagem ocorreu em maio. Foram 47 dias viajando por lugares inéditos e revisitados em onze anos de projeto pessoal. Eleazar e Goretti visitaram o extremo sul da Alemanha, passaram por Constança e visitaram a casa de veraneio do ditador Adolf Hitler, em Munique.
O projeto tende a se ampliar. O professor organiza roteiro para levar outras pessoas à Europa para conhecer os espaços da Segunda Guerra.
“Temos de passar em Praga, para conhecer a aldeia e o campo de concentração. Vamos começar, provavelmente, pela Cracóvia e Varsóvia…”, projeta.
A ideia é que as outras pessoas percebam o que os dois amealham desde que percorreram o primeiro trajeto das viagens: o entendimento de si e do humano. “A gente precisa conhecer essas histórias. Voltar a isso é importante para que a guerra não se repita”.
Fonte: OPovo