Stanley Tucci diz que Trump pode ter impacto “devastador” nas artes

O ator e realizador norte-americano Stanley Tucci considerou hoje que o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode ter um impacto “devastador” nas artes e na “sociedade civilizada”, informa a Agência Lusa.

As declarações do ator foram feitas no Festival de Cinema de Berlim, onde apresentou hoje o seu mais recente filme enquanto realizador, “Final Portrait”, sobre os meses que o artista suíço Alberto Giacometti passou em Paris, em 1964, altura em que pintou o escritor norte-americano James Lord.

O filme é protagonizado pelo australiano Geoffrey Rush, no papel de Alberto Giacometti, e o norte-americano Armie Hammer, como James Lord.

Questionado hoje no tapete vermelho, antes da exibição de “Final Portrait”, sobre o estado das artes nos Estados Unidos sob administração de Donald Trump, Stanley Tucci pintou um quadro sombrio.

“Só consigo imaginar que se fizerem o que querem vão esvaziar o National Endowment for the Arts (NEA) [Fundo Nacional para as Artes], o que considero ser devastador a muitos níveis”, disse, referindo-se a um dos vários fundos governamentais de apoio às indústrias criativas.

No mês passado, meios de comunicação social norte-americanos afirmaram que a administração Trump estava querendo acabar com o NEA e o National Endowment for the Humanities (Fundo Nacional para as Humanidades).

“Final Portrait”, o quinto filme de Stanley Tucci como diretor, foi hoje exibido pela primeira vez, fora de competição, no Festival de Cinema de Berlim.

Na sexta-feira, no mesmo festival de cinema, um outro ator norte-americano criticou o Presidente dos Estados Unidos.Richard Gere acusou Donald Trump e os movimentos europeus de direita de incentivarem ao ódio e equipararem refugiados a terroristas.

“A coisa mais horrível que Trump fez”, desde que tomou posse, foi considerar que refugiado e terrorista são a mesma coisa, disse o ator numa conferência de imprensa sobre o filme “The dinner”, que protagoniza.

“‘Refugiado’ era alguém por quem tínhamos empatia, alguém com quem nos preocupávamos, alguém a quem queríamos ajudar, dar um refúgio a um refugiado. Agora temos medo deles e esse é, em si, o maior crime de todos”, sublinhou.

Richard Gere, conhecido ativista pelos Direito Humanos, que esteve reunido com a chanceler alemã, Angela Merkel, na quinta-feira, disse que “o número de crimes de ódio nos Estados Unidos aumentou consideravelmente assim que Donald Trump concorreu para presidente”.

O Festival de Cinema de Berlim começou na quinta-feira também com uma nota política, com a estreia de um filme sobre o guitarrista Django Reinhardt, perseguido durante o regime nazi por ter raízes ciganas.

A declaração mais direta na abertura do festival foi da atriz norte-americana Maggie Gyllenhaal, que faz parte do júri oficial de Berlim:

“Eu quero que saibam que há muitas, muitas pessoas no meu país que estão preparadas para resistir”.

Sem referir o nome do presidente norte-americano, a atriz acrescentou que “este é um grande momento para se ser americano, num festival internacional”.

Já o ator mexicano Diego Luna, que também faz parte do júri, recorreu ao humor para criticar a intenção de Donald Trump construir um muro na fronteira com o México.

“Estou aqui para investigar como é que se derrubam muros. Há aqui muitos especialistas e vou levar daqui informação para o México”, disse, numa referência ao muro que durante décadas dividiu a Alemanha.

O Festival de Cinema de Berlim termina no dia 19.

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