Jovem com câncer é acusada de apropriação por usar turbante e desabafa: ‘Uso o que quero’

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Uma jovem que tem câncer fez um post em sua página no Facebook questionando o fato de ter sido acusada de “apropriação cultural” por usar um turbante. Thauane Cordeiro estava no ônibus, usando o pano na cabeça, quando teve atenção chamada por outras mulheres que reclamaram do fato dela estar com o acessório.

Thauane contou que usou o turbante, elemento típico da cultura afro, para disfarçar o fato de ter perdido o cabelo.

Ao fim do relato, postado no dia 4 de fevereiro, ela ainda colocou a hashtag #VaiTerTodosDeTurbanteSim, que passou a ser usada em redes sociais como o Twitter, onde o assunto tem sido discutido desde ontem. Com a tag, muitas mulheres têm compartilhado fotos usando turbante.

Até o momento, seu post recebeu 104 mil curtidas e foi compartilhado mais de 30 mil vezes. “Olha o que alguns politicamente corretos causam. Ficam dividindo pessoas, olha no que deu”, escreveu uma internauta.

Apesar de muitos concordarem com Thauane, outros a criticaram. “Qual é a dificuldade de gente branca entender pq usar turbante/dread/trança é apropriação cultural sim e é errado????????”, postou uma internauta. “Branca não leva apropriação cultural a sério porque nunca foi chamada de diarista por usar bandana, de macumbeira por usar turbante…”, ponderou outra usuária no Twitter.

Outros criticaram a própria polêmica. “Vocês não acham muita falta do que fazer vocês ficarem discutindo se é apropriação cultural ou não alguém com câncer usar turbante?”.

Leia o texto de Thauane:

Primeiramente quero agradecer a todos que vieram falar comigo, que de alguma forma desejaram coisas boas. Agradeço de coração mesmo, tudo isso, todas as palavras de apoio e conforto! Quero dizer que ontem a tarde foi bem tumultuada, eu nunca pensei que aquela foto, que aquela minha explicação iria causar uma repercussão assim tão grande, e se tornar viral de uma forma positiva e negativa ao mesmo tempo! Porque quem acompanhou desde o primeiro post meu explicativo, sabe que isso era uma das últimas coisas que eu queria. Porém quando eu vi já estava em uma proporção assustadora!

Quero enaltecer certos pontos aqui, primeiro, pedir perdão as pessoas que se sentiram ofendidas com a expressão “negra branca”. Que, como já havia dito no post, foi um sarcasmo. Uma ironia, não foi pra banalizar nenhum movimento, muito menos pisar/menosprezar a luta do movimento negro. Eu já havia dito, e digo novamente aqui, essa é minha forma de enxergar a vida, o meu jeito de levar, na zoeira na brincadeira. Eu me zoo com isso, mas eu não vou banalizar outras pessoas, longe de mim, e se fiz, me perdoa! Mas eu vejo isso como uma forma de levar a vida sorrindo, porque se eu fosse me entregar a tristeza, eu me afundaria ainda mais em uma depressão. Então eu brinco com isso, mas isso é um jeito meu, minha forma de ser. Como disse, nem Jesus agradou a todos, como eu, na minha simplicidade vou agradar? Não dá né.

Eu ainda tô bem assustada com a repercussão que teve tudo isso, alguns blogs compartilhando, algumas páginas. Informações erradas aí no meio também, não vou mentir, em uma primeira instância foi engraçado, porque eu não tava sabendo reagir a isso. Depois se tornou uma guerra, viral na internet, povo no Twitter brigando e etc. Pessoas falando que era uma fanfic, olha, eu juro que queria que fosse uma fanfic, assim eu conseguiria acreditar mais na humanidade! Mas fica a critério de cada um acreditar ou não, eu sei o que aconteceu aquele dia, sei a revolta que eu fiquei. “Fazer textao” no Facebook, foi um jeito que achei de expressar essa minha revolta sem jogar ninguém contra a parede.

Todos os comentários negativos do meu post, tentei comentar dá forma mais coerente possível, sem ofender ninguém ou determinada coisa. Mas acabou se tornando uma guerra entre militâncias fora do controle. Eu sinceramente fiquei chateada com certas coisas que li, nao pelo fato de ser algo relacionado a mim, mas sim o jeito que o ser humano vem encarando as coisas, o jeito que foi comentado, palavras, ódio, preconceito destilado ali. Eu sei que existem muitas pessoas maravilhosas no mundo, mas assim como existe pessoas babacas. Tudo que é extremo, tudo que é demasiado, faz mal, até água se eu tomar demais faz mal! A gente precisa aprender a se amar mais, precisa aprender a sentir a dor alheia! A ter empatia pelas pessoas. Porque se o mundo continuar assim, sinceramente, não sei onde vamos parar!

“Não pode falar de uma dor se não a sentir”, sinceramente? Isso é muito sem nexo, porque como já disse, não quero banalizar movimento nenhum. Muito pelo contrário, há muitas coisas que precisam ser ajustadas na sociedade, muita coisa que precisa ser mudada. Mas tantas coisas importantes para se debater, vem pessoas implicar com um pano na cabeça de fuluna? Vamos ter aulas de história, aulas de sociologia e filosofia! E principalmente, ter aulas de respeitar o coleguinha. Porque a partir do momento que acaba o direito dele, começa o meu. Eu/nós, temos que aprender a primeiramente respeitar nossas diferenças e aceitarmos cada pessoa como ela é. A chave principal para desconstruir uma sociedade preconceituosa assim, é o respeito, e não importa de onde ele vem, ele sempre tem que existir.

Se você leu até aqui, parabéns, se não, parabéns também e a vida continua. Mais uma vez, obrigada a todos que vieram me desejar coisas boas, de coração! E pra quem não tava, desejo muita coisa boa também, quero que saibam que cada ser humano é especial a sua maneira. Enfim, obrigada e bom dia!

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